TGV: concurso para troço Lisboa-Poceirão será lançado "este ano"

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José Sócrates vincou que a alta velocidade vai "mudar Portugal" Daniel Rocha (arquivo)

O primeiro-ministro, José Sócrates, avançou hoje que o concurso público para o troço da rede de comboio de alta velocidade (TGV) Lisboa-Poceirão, que incluirá a terceira travessia sobre o Tejo, será lançado "este ano", enquadrado na prioridade de ligação à Europa.

"Lisboa-Madrid é a nossa prioridade. Ligarmo-nos à Europa e, por isso, começamos com este troço [Poceirão-Caia], mas temos pressa e queremos que o concurso do próximo troço, que ligará Poceirão a Lisboa e que incluirá uma nova travessia do Tejo, possa ser lançado este ano", disse o chefe de Governo, que falava em Évora, na cerimónia de lançamento do concurso público do primeiro troço de alta velocidade Poceirão-Caia, numa extensão de 167 quilómetros, que vai custar 1450 milhões de euros.

Acompanhado pelo ministro das Obras Públicas, Mário Lino, e pela secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, o primeiro-ministro congratulou-se por se estar a "passar das palavras aos actos" relativamente ao TGV. "Foi uma aposta feita por todos os outros países europeus", disse, garantindo que esses mesmos projectos têm sido "bem sucedidos, a favor das economias e da melhoria da qualidade de vida" nesses países.

Lembrando que, além dos passageiros, o troço Poceirão-Caia integra ainda uma componente de mercadorias, o que implica impactos económicos, José Sócrates vincou que a alta velocidade vai "mudar Portugal", comparando com as mudanças verificadas, nos últimos 25 anos, com a rede de auto-estradas. "A melhor referência para a expectativa de mudança é pensarmos no que era Portugal há 25 anos atrás e o que é hoje, com a diferença em termos da nossa rede de auto-estradas", apontou, assegurando que Portugal "encolheu" e que a rede de alta velocidade "vai fazer exactamente o mesmo".

O projecto de alta velocidade vai "alterar o ordenamento do território" e "aproximar" Portugal, continuou, afiançando que a "maior diferença" será sentida nas cidades de média dimensão, como Évora, que vão ficar "mais próximas, quer da fronteira, quer de outros centros urbanos", o que irá alterar a "qualidade de vida" dos seus habitantes.

"Esta rede vai mudar tudo porque, se pensarmos por um minuto, o que é que vai mudar aqui em Évora quando for possível deslocarmo-nos a Lisboa em 30 minutos e daqui a Madrid em 02h15? Mudam os quadros mentais, os hábitos e as atitudes das pessoas", afirmou, realçando que Évora vai ser uma das cidades "capital da alta velocidade", tal como Coimbra, Aveiro ou Leiria.

Destacando a importância de Portugal estar ligado à rede transeuropeia das infra-estruturas rodoviárias e ferroviárias, José Sócrates dirigiu-se também aos que criticam os custos da alta velocidade, cujos eixos prioritários (Lisboa-Porto, Porto-Vigo e Lisboa-Madrid) representam um investimento de quase nove mil milhões de euros (menos dois mil milhões de euros do que inicialmente previsto). "Quando ouço falar muito do preço e do investimento que vamos fazer [no TGV], ouço falar menos do preço que pagaríamos para tomar a opção de não fazer. Isso sim, teria um preço para o país, actualmente, e para as futuras gerações", avisou.

Em declarações aos jornalistas, o primeiro-ministro salientou também os impactos positivos para o ambiente que o projecto da alta velocidade implica, retirando passageiros e tráfego aos transportes rodoviário e aéreo. "Todos aqueles que se preocupam com as questões ambientais estão do lado da alta velocidade. Substituiremos muito transporte rodoviário e aéreo pela alta velocidade, com mais conforto, mas também mais vantagens para o ambiente, com menos carbono e menos emissões", assegurou.

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