Comandos portugueses no Afeganistão destacados para zona crítica

Foto
Os taliban lançaram na Primavera de 2006 uma vasta ofensiva que apanhou as forças ocidentais de surpresa Earnie Grafton/Reuters

A 1ª Companhia de Comandos, em serviço no Afeganistão, está desde ontem em missão operacional na província de Kandahar, epicentro da insurreição taliban no Sul do país.

O contingente português, que assume desde Março as funções de Força de Reacção Rápida do comando da Força Internacional de Assistência à Segurança (ISAF) da NATO, foi deslocado há uma semana de Cabul para Kandahar, onde os comandos cumpriram um período de adaptação ao teatro operacional antes de ocuparem posições em Maywand, um distrito daquela província do Sul do Afeganistão.

No distrito de Maywand, caberá à 1ª Companhia de comandos apoiar o esforço de expansão das posições da NATO e do exército afegão (ANA) na região de Kandahar, a área de maior actividade operacional no Afeganistão, de forma a negar espaço de manobra à insurreição.

“Trata-se de uma deslocação normal” - considera o general Carlos Branco, porta-voz da ISAF. “Como unidade de reserva do COMISAF (comandante da ISAF) pode a qualquer momento ser enviada para qualquer ponto do teatro afegão”, refere.

A área de Kandahar é um dos principais alvos do esforço de reforço do dispositivo de forças da NATO e dos EUA no Afeganistão (cerca de 60 mil homens no total). Nos últimos dois meses, cerca de 2400 Marines vieram reforçar o dispositivo ocidental na província, respondendo ao “ultimato” do contingente canadiano, que exigia reforços como condição para permanecer naquele teatro crítico.

Taliban com capacidade diminuída

O reforço do dispositivo operacional da ISAF na província de Kandahar inscreve-se num esforço no sentido de manter a pressão sobre a guerrilha no momento em se aguarda mais uma ofensiva de Primavera dos taliban.


Os taliban prometeram uma Primavera de 2008 mais sangrenta do que nunca, mas, embora se assista já a um crescendo da actividade operacional, a iniciativa continua nas mãos da NATO.

“Pura e simplesmente, os talibã não têm capacidade para operações convencionais, tal como já não a tinham em 2007 – apenas para actos terroristas”, general Carlos Branco, porta-voz da ISAF.

Depois de uma vasta ofensiva que apanhou as forças ocidentais de surpresa na Primavera de 2006, e que se centrou exactamente na zona de Kandahar, a ISAF parece ter reassumido a iniciativa desde o ano passado.

O ano de 2007 custou assim aos talibã a perda de importantes posições ocupadas no ano anterior. Face às dificuldades da guerrilha em termos de acções convencionais, assistiu-se em contrapartida a uma escalada dos ataques suicidas (quase centena e meia, para cinco apenas entre 2001 e 2005).

Sugerir correcção
Comentar