Lucro trimestral do BPI cai 22 por cento, mas Ulrich diz que momento é de "tranquilidade"

Apesar de reconhecer que "o impacto da crise financeira na dita economia real ainda vai demorar algum tempo", o presidente da instituição, Fernando Ulrich, garante estar "a atravessar o actual momento com toda a tranquilidade".

Nos final dos primeiros três meses de actividade, o lucro líquido do BPI ficou-se pelos 75,3 milhões de euros, menos 22 por cento que o valor apresentado em igual período do 2007 e em linha com o valor apresentado em 2006. Para esta quebra contribuiu o reconhecimento de imparidades (disparidade de valor) de investimentos financeiros, designadamente em veículos de investimento estruturados (SIV), a evolução negativa da margem financeira, com custos mais elevados no financiamento de dívida subordinada, a queda de comissões bancárias, em especial na gestão de activos e o esmagamento de margens.

Os rácios de capital também se ressentiram da crise, com o rácio toral, já calculado segundo os critérios de Basileia II, a cair para 8,7 por cento, contra 9,1 em igual periodo de 2007. O Core Tier I (excluindo acções preferenciais) caiu para 4,3 por cento, contra 5,8 por cento em período homólogo, o que obriga ao aumento de capital de 350 milhões de euros.

Para esta deterioração de resultados contribuiu, entre outros, o reconhecimento de menos-valias potenciais em activos financeiros disponíveis para venda, que no total atingiram 260 milhões de euros, onde se inclui a participação no BCP (113 milhões de euros).

Mas as contas do BPI apresentam vários indicadores positivos, como a rentabilidade dos capitais próprios (ROE), que cresceu 18,8 por cento, e os recursos de clientes no balanço, que aumentaram 19 por cento, e recursos totais de clientes, que aumentaram nove por cento. A actividade doméstica contribuiu com 51,1 milhões de euros para os lucros e a actividade internacional com 24,2 milhões de euros, graças ao Banco Fomento Angola, já que o BCI Fomento Moçambique se ficou por um milhão de euros.

Desafiado a desvendar algumas questões, como a venda de capital no banco angolano, Fernado Ulrich apenas referiu que ainda não há acordo fechado com a Sonangol. Nada adiantou sobre a possibilidade de venda da participação no BCP, onde não acompanha o aumento de capital. Já sobre a Allianz disse que as negociações decorrem calmamente. O ambicioso plano estratégico do banco, apresentado no ano passado, vai ser revisto: "Estamos num mundo radicalmente diferente e quase todos os pressupostos se alteraram", disse Fernando Ulrich.

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