Hugo Chávez nacionalizou a maior empresa de aço da Venezuela

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ordenou, hoje, a nacionalização da Ternium-Sidor (Siderúrgica do Orinoco), a maior empresa de aço do país, propriedade do grupo italo-argentino Techint, anunciou o vice-presidente venezuelano, Ramón Carrizales.

A nacionalização ocorre após 16 meses de infrutíferas negociações, entre sindicatos e representantes da empresa, sobre o contrato colectivo de trabalho, que motivaram diversas acções de protesto, entre elas nove paralisações da empresa.

"Percebemos dos directivos da empresa trans-nacional uma atitude de colonizador, houve propostas e contrapropostas que consideramos desrespeitadoras para os trabalhadores, porque ofendem a inteligência de qualquer pessoa", disse o vice-presidente da Venezuela, Ramón Carrizales, durante uma conferência de imprensa.

Aquele responsável acusou ainda a direcção da Ternium-Sidor de manter "uma atitude arrogante e prepotente para manter os esquemas de exploração bárbara a que estavam submetidos os trabalhadores".

"Ouvi declarações de representantes da empresa que dizem que não violaram a Lei (...) mas o que faziam é pelo menos anti-ético e anti-humano (...) tinham um processo produtivo com altos riscos e altas temperaturas com empregados sub-pagos, submetidos a uma semi-escravidão", disse.

Denunciou que a empresa para ter rentabilidade reduziu o número de trabalhadores e contratou serviços de empreiteiros, o que levou a uma perda de benefícios para os trabalhadores e salários desiguais entre operários que desempenhavam as mesmas funções.

A nacionalização far-se-à "sem nenhum tipo de atropelo, pagando o que houver que pagar e indemnizando o que se tiver que indemnizar", disse o vice-presidente venezuelano que sublinhou o interesse da Venezuela em manter boas relações com a Argentina.

Situada a 800 quilómetros a Sul de Caracas a Ternium-Sidor foi privatizada em 1977. Sessenta por cento das suas acções são propriedade do grupo italo-argentino Techint-Ternium e vinte por cento do Estado venezuelano.

Pelo menos 21 mil trabalhadores prestam serviços profissionais à empresa, dos quais sete mil são sub-contratados por empreiteiros.

As nove paralisações de protesto ocasionaram perdas diárias por 3,26 milhões de dólares (2,07 milhões de euros) à empresa e 2,79 milhões de dólares diários (1,77 milhões de euros) a pequenas e médias empresas contratadas.

Segundo o Instituto Latino-Americano do Ferro e do Aço (Ilafa), Sidor é o maior produtor de aço da Comunidade Andina de Nações e o quarto da América Latina.

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