Projecto para a marginal do Douro propõe parque na Alfândega e travessias pedonais
Proposta prevê também o prolongamento da linha do metro à zona ribeirinha, um centro de artes nos velhos armazéns de Miragaia e percursos pedestres na encosta dos Guindais
a Um hotel no edifício da Alfândega, um parque urbano nos terrenos do actual parque de estacionamento, novas travessias pedonais para Gaia, um centro de artes nos velhos armazéns de Miragaia, uma linha de metropolitano, uma marina fluvial e percursos pedestres na encosta dos Guindais. O arquitecto portuense Pedro Balonas foi ontem declarado vencedor do concurso internacional de ideias de intervenção na frente ribeirinha da cidade do Porto, promovido pela sociedade de reabilitação urbana Porto Vivo, com uma proposta que o próprio classificou como "um documento que permitirá alicerçar as discussões futuras sobre a zona e enquadrar os futuros investimentos".Balonas, de 41 anos, venceu os 50 mil euros do prémio, tendo batido as propostas da também portuense Fátima Fernandes e do dinamarquês Nils Bemmentzen, respectivamente os segundo e terceiro classificados, bem como as restantes quase quatro dezenas de concorrentes, de 15 países. O júri decidiu ainda atribuir três menções honrosas às propostas apresentadas pela dinamarquesa Mariane Hingbartzen, pelo brasileiro Vinicius Andrade e pelo indiano Mathew Gosh, consideradas "singulares", mas também "utópicas", "minimalistas" ou pouco ajustadas à área de intervenção.
A proposta escolhida pelo júri poderá agora, caso a Porto Vivo assim o entenda, ser transformada num documento estratégico que enquadre todas as intervenções públicas e privadas que venham a ter lugar na área que vai da Ponte de D. Maria I à Rua de D. Pedro V. Os objectivos eram conhecidos e passavam por impulsionar a atractividade da zona, melhorar a qualidade urbana e paisagística e introduzir benefícios na mobilidade, nos transportes e no estacionamento.
Ligação entre o Porto e GaiaO júri considerou a proposta de Pedro Balonas "a mais consistente", nomeadamente por prever a ligação entre as duas margens do Douro, a criação de uma forte imagem de promoção internacional e a humanização das encostas ainda não urbanizadas, estabelecendo ainda uma escala de prioridades para as futuras intervenções e desenvolvendo inclusivamente um plano de investimentos e de captação de capitais.
"Há aqui um conjunto de propostas claramente novas e que trazem uma nova imagem à zona, seja pela ligação entre o Porto e Gaia, seja pela aposta na extensão do arco turístico da cidade, seja ainda pela unificação das duas cidades que há no Porto, uma à cota baixa e outra à cota alta, que têm permanecido separadas", declarou Pedro Balonas aos jornalistas. "Trata-se de um trabalho só possível por ter reunido uma equipa multidisciplinar de especialistas nacionais e estrangeiros e pelo conhecimento local e a reflexão realizada ao longo dos anos", disse ainda o arquitecto.
Balonas acredita que será possível transformar a proposta num documento estratégico e também que as várias ideias poderão estar concretizadas num prazo de dez anos, considerando prioritária a construção da ponte pedonal prevista para a zona da Alfândega e o alargamento da rede do metro à cidade baixa.
Entre as propostas classificadas nos segundo e terceiro lugares, saliente-se a ideia de instalar um campus científico na escarpa dos Guindais ou a criação de um jardim e um centro de artes nas ruínas do Convento de Monchique.