Mulher de Xanana Gusmão agradeceu à GNR intervenção no cerco à sua residência

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Kirsty garantiu ainda ter toda a confiança no futuro de Timor-Leste Beawiharta/Reuters (arquivo)

A casa de Ramos-Horta estava a ser atacada, o Presidente tinha sido ferido e Xanana Gusmão, avisado pelo motorista, vestiu-se e saiu mas não sabia que se dirigia a uma emboscada liderada pelo ex-tenente Gastão Salsinha que, no entanto, não provocou feridos.

Kirsty Sword-Gusmão estava em casa a preparar os filhos para irem para a escola quando Gastão Salsinha se aproximou dos portões e trocou algumas palavras com os seguranças de serviço a quem queria tirar as armas. Não conseguiu e os seus homens cercaram a casa onde a mulher de Xanana estava com os pequenos Alexandre, Kay Olok e Daniel, de, respectivamente, sete, cinco e três anos.

Depois seguiu-se hora e meia de incerteza com Kirsty Sword-Gusmão a tentar "acalmar e proteger" as crianças.

"Achei que era importante ter essa oportunidade para eu e os miúdos agradecermos pessoalmente a ajuda, a assistência que foi prestada naquela horrível manhã de segunda-feira", disse Kirsty Sword-Gusmão depois de se dirigir num português perfeito aos militares portugueses com palavras de agradecimento.

"Só com a chegada da GNR é que sentimos que podíamos sair de casa e ir a Díli numa situação de segurança total", salientou, frisando que a família "não vai esquecer aquele dia facilmente" e elogiando o trabalho da GNR na construção da "paz e estabilidade de Timor-Leste".

Na cerimónia de agradecimento da família Gusmão à GNR, Alexandre, Kay Olok e Daniel concentraram as atenções de militares e da imprensa não só pela pose divertida da chegada, mas também pelas mensagens e "medalhas" que "impuseram" ao comandante João Martinho.

"GNR Amamo-vos" num coração, "Obrigado GNR. Valentia e Amizade" em desenhos com a bandeira timorense, casa tradicional, uma palmeira e um búfalo, uma estrela de xerife com cinco pontas e os nomes da família com "GNR e Timor-Leste 2008" ao centro foram entregues ao comandante. João Martinho teve ainda direito a um abraço e um beijo do Daniel (3 anos), o menos envergonhado dos pequenos, mais concentrados num saco com algumas prendas entregues pelos militares e dos quais constavam um puzzle, a bandeira da GNR e outras recordações da Guarda Nacional Republicana.

Em declarações aos jornalistas, Kirsty Sword-Gusmão garantiu ainda ter "toda a confiança no futuro de Timor-Leste". "Tenho toda a confiança no futuro deste país. Acho que temos ultrapassado momentos piores, que talvez vai haver mais, mas tenho confiança na democracia e nas instituições que são novas mas vamos desenvolvendo pouco a pouco", salientou Kirsty ao sublinhar ainda que acredita "no amor" que os timorenses têm pela paz.