Espólios de Raul Lino e Cristino da Silva on-line

a Raul Lino (1879-1974) e Cristino da Silva (1896-1976), dois nomes que marcaram o exercício da arquitectura no nosso país na primeira metade do século XX, vão ter os seus espólios disponíveis para consulta on-line na Biblioteca de Arte (Biblarte) da Fundação Calouste Gulbenkian, a partir da próxima quinta-feira. A fundação vai fazer a apresentação da nova página no seu site (www.biblarte.gulbenkian.pt) no decorrer de um seminário que se realiza no dia 14 de Fevereiro.Os espólios em causa foram doados à Gulbenkian pelas famílias dos dois arquitectos na década de 1980, e são constituídos por cerca de 19 mil desenhos relativos a quase 800 projectos (667 de Raul Lino e 114 de Cristino da Silva), além de documentação diversa: memórias descritivas, fotografias, correspondência e recortes de imprensa tanto generalista como especializada em arquitectura.
Ana Paula Gordo, directora adjunta da Biblarte, diz que esta é a primeira vez que a Gulbenkian põe em linha um espólio arquitectónico. De Raul Lino, a Biblarte vai mostrar praticamente toda a documentação relativa à sua actividade privada, com todos os documentos a serem "acompanhados por uma descrição exaustiva, peça a peça", diz Ana Paula Gordo. Para além deste espólio que a partir da próxima semana vai ficar disponível ao público, a obra do autor do Jardim Zoológico de Lisboa está representada, na sua vertente de funcionário público, na colecção da antiga Direcção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais, de que Raul Lino chegou a ser director-geral; há também uma parte relativa à sua actividade na área das artes decorativas que se encontra ainda na posse da família.
Já da obra de Cristino da Silva, Ana Paula Gordo diz que "está praticamente tudo depositado" na Gulbenkian.
Raul Lino da Silva é principalmente conhecido pelo estudo, teorização e desenho daquilo que considerou ser a Casa Portuguesa, defendendo uma forma muito própria de casamento dos princípios da arquitectura modernista com a tradição rural do país. O Solar dos Patudos, em Alpiarça, o Cinema Tivoli e o Pavilhão do Brasil na Exposição do Mundo Português (1940), em Lisboa, são algumas das suas obras emblemáticas.
Luís Cristino da Silva formou-se em Lisboa, tendo ido depois desenvolver os seus estudos em Paris e em Roma. No regresso à capital portuguesa, tornou-se num dos responsáveis pela concepção da parte nova da cidade, enquanto arquitecto da câmara municipal. Deve-se-lhe, por exemplo, o desenho do Areeiro e do Teatro Capitólio. Recebeu o Prémio Valmor, em 1944, pela moradia que fez para si próprio na Av. Pedro Álvares Cabral.

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