Freguesias e munícipes de Alcobaça ultimam petição para contestar traçado do TGV

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As populações afectadas pelo traçado do TGV contestam a linha escolhida pelo Governo Luis ramos (arquivo)

Segundo Maria José Filipe, presidente da Junta da Benedita, as pessoas "estão a assinar a petição" para mostrar o seu "descontentamento total" em relação à proposta de traçado, que divide povoações ao meio e destrói várias habitações.

"Quando eu fui eleita foi para defender a população: não sou contra o TGV mas sou contra este traçado", explicou a autarca.

Também o porta-voz do movimento cívico que contesta este traçado, Bruno Letra, se mostra descontente com a proposta porque "ignora a realidade das pessoas" e propõe a passagem da linha junto a várias casas e aglomerados urbanos.

"As pessoas construíram aqui para terem descanso e agora têm o TGV à porta", desabafou o porta-voz, salientando que as populações estão "totalmente empenhadas" nesta luta.

Nesse sentido, o movimento deverá subscrever uma queixa a enviar ao provedor de Justiça e estão em cima da mesa outras medidas que poderão passar por uma acção judicial, mas sempre com o apoio da Câmara de Alcobaça que também já se mostrou solidária.

Se entre os dirigentes cívicos e autarcas o desconforto é evidente a consternação abate-se sobre muitos dos moradores que vão ter de sair das casas onde sempre viveram por causa do comboio.

"Nasci aqui e vivi aqui. Mas já vi que vou ter de sair", afirmou Adelino Dinis, de 51 anos, que ficará sem três casas - "uma minha, uma que era do meu tio e a dos meus pais" - porque "alguém em Lisboa desenhou no mapa uma linha por este lugar".

É que para este residente em Moita do Poço, freguesia de Turquel, nascido nas faldas da serra dos Candeeiros, viver em apartamento é coisa que nem lhe passa pela cabeça.

"Se fosse para um gaveto desses morria. Eu preciso de espaço", disse à Agência Lusa, num breve período de intervalo do corte de madeira para queimar na lareira.

As conversas dos populares giram todas em torno da linha férrea, que virá interromper a pacatez das povoações.

"É que se nós tivéssemos alguma coisa a ganhar com o TGV, mas o comboio só vai passar por aqui e mais nada", acrescentou a presidente da Junta da Benedita.