Cientistas criam cebola que não faz chorar

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O sabor da cebola poderá ser afectado pela mudança Rui Gaudêncio/PÚBLICO (arquivo)

Um grupo de cientistas da Nova Zelândia e do Japão criaram uma cebola que "não faz chorar", ao desligarem o gene responsável pela enzima que produz essa reacção, noticiou hoje a imprensa britânica.

Um dos autores da investigação, Colin Eady, garantiu que a descoberta poderá acabar com um dos maiores enigmas da cozinha – a relação entre a cebola e as lágrimas.

O instituto de investigação neo-zelandês “Crop and Food” recorreu a tecnologia australiana de silenciamento de genes neste projecto, que começou em 2002, depois de cientistas japoneses terem identificado o gene responsável pela produção da enzima lacrimogénea.

"Pensávamos que o agente lacrimogéneo era produzido espontaneamente pelo corte das cebolas, mas eles (os cientistas japoneses) provaram que era controlado por uma enzima", referiu Eady.

A enzima é libertada com o corte da cebola e desencadeia uma cadeia de reacções químicas de que resulta a formação de um irritante que estimula as glândulas lacrimais dos olhos e provoca as lágrimas. "A tecnologia de silenciamento de genes cria uma sequência que desliga o gene indutor das lágrimas na cebola, impedindo-o de produzir a enzima", explicou.

O cientista reconheceu que o sabor do bolbo poderá ser afectado pela alteração da sua composição genética, mas espera que possa ser melhorado numa fase posterior da investigação. "O que esperamos é ter essencialmente muito dos aromas agradáveis e doces das cebolas, sem o amargo associado ao factor lacrimogéneo", adiantou.

Apesar da expectativa que a descoberta possa criar no público, a maioria dos cozinheiros terá de esperar 10 a 15 anos para poder picar cebolas sem chorar, preveniu o cientista.

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