Quénia: Kofi Annan testemunha “abusos graves e sistemáticos aos direitos humanos”

Foto
Kofi Annan apelou a uma investigação a estes abusos Antony Njuguna/Reuters

O mediador da crise queniana, Kofi Annan, afirmou em Nairobi “ter visto abusos sistemáticos e graves dos direitos humanos”, durante a sua visita ao país, mergulhado no caos desde as eleições presidenciais de 27 de Dezembro. Hoje morreram mais 25 pessoas em confrontos.

Annan falava numa conferência de imprensa organizada na capital queniana, depois da sua visita de algumas horas à região oeste do Quénia, epicentro – com Nairobi – das violências das últimas semanas.

“Não podemos autorizar a impunidade”, acrescentou.

“Até pode ter sido causada pelos resultados eleitorais, mas (a violência) evoluiu para algo de diferente, onde existem abusos sistemáticos”, acrescentou Annan.

O antigo secretário-geral da ONU apelou a uma investigação a estes abusos. “É essencial que os factos sejam denunciados e os responsáveis devem responder por eles”, disse aos jornalistas. “O Governo terá de fazer o que lhe for possível para aumentar a segurança”.

Confrontos mataram 25 pessoas em Nakuru

Homens armados saíram às ruas em Nakuru e mataram, pelo menos, 25 pessoas.

Na morgue de Nakuru, familiares choram as vítimas enquanto a polícia traz mais 16 corpos num camião.

As autoridades tinham imposto um recolher obrigatório em Nakuru para conter os confrontos entre grupos rivais. Mas testemunhas afirmaram que a polícia da cidade ficou nos seus postos, aparentemente sem saber como conter o caos.

O Quénia, um dos países africanos mais estáveis até ao final de 2007, atravessa uma grave crise, nascida da contestação dos resultados das eleições presidenciais. O chefe de Estado cessante, Mwai Kibaki, foi reeleito. Mas o líder da oposição, Raila Odinga, reivindica a vitória, afirmando que a contagem dos votos está manchada por fraudes.

Num mês, mais de 800 pessoas foram assassinadas em episódios de violência político-étnica, e cerca de 250 mil pessoas foram desalojadas.

Sugerir correcção
Comentar