Torne-se perito

Distúrbios do sono aumentam em 20 por cento o risco de doenças coronárias, segundo especialistas

Sono: uma nova fronteira cardiovascular é o título da conferência que reúne hoje, na Faculdade de Medicina do Porto, especialistas portugueses e brasileiros

a Andamos cada vez a dormir menos e pior. João Carlos Winck, pneumologista e especialista em Medicina do Sono, acrescenta: "E vamos pagar caro por isso". O docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto alerta para as consequências adversas dos distúrbios do sono na saúde dos portugueses e denuncia o facto de vivermos no "país Xanax". Hoje, durante uma conferência que se realiza no Porto, vários especialistas portugueses e brasileiros prometem falar sobre o impacto do sono na saúde."Às vezes, quando nos chega alguém que sofre de insónia à consulta, limitamo-nos a receitar um hipnótico e esquecemo-nos de tentar perceber porquê", refere João Carlos Winck, lamentando o facto de vivermos "no país Xanax", uma vez que Portugal é um dos países europeus onde mais se prescreve benzodiazepinas.
O especialista insiste que o sono interfere com tudo na nossa vida. E exemplifica: os distúrbios do sono aumentam em 20 por cento o risco de doença coronária; ou: as pessoas que sofrem de apneia do sono ou privação correm um risco "três ou quatro vezes" superior de sofrer um acidente de viação. "Deveríamos considerar um exame de despiste da apneia do sono obrigatório por lei numa série de profissões, como a dos motoristas", defende.
O exame, explica, é simples: basta uma noite vigiada de sono, com um aparelho. "A primeira coisa que fazemos na consulta é o despiste para saber se o doente tem apneia", confirma João Carlos Winck, que aproveita ainda para constatar o aumento da procura desta consulta, aberta desde 1998 no Hospital de S. João, no Porto. Aliás, o recorde de primeiras consultas foi registado em 2007, com 1500 novos doentes, o que soma um total de seis mil pessoas acompanhadas no serviço. O tempo de espera para uma primeira consulta rondará os dois meses. Entre os sinais de alarme, estará a interferência do sono com o nosso quotidiano, o acordar com uma sensação de cansaço após sete horas de sono, sonolência diurna, a roncopatia (ressonar) e paragens de respiração. Normalmente, todos os casos de apneia do sono são tratáveis e afectam sobretudo os homens de meia-idade, apesar das estatísticas se equilibrarem quando temos em conta mulheres depois da menopausa. Um dado que mostra a influência hormonal neste domínio.
Em Portugal, não há dados sobre a incidência da apneia, mas, segundo o pneumologista, a prevalência deverá ser semelhante a Espanha: cinco por cento da população.

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