Torres Couto diz que foi feita justiça

O antigo secretário-geral da UGT, José Manuel Torres Couto, um dos arguidos no processo UGT/Fundo Social Europeu que hoje foi absolvido, afirmou que foi feita justiça, mas lamentou que tal tenha demorado 20 anos.

"Foi uma cruz que carreguei durante 20 anos", disse Torres Couto à agência Lusa, sublinhando que passou um terço da sua vida como arguido e a ser julgado na praça pública.

"É um preço inimaginável. Quando isto começou eu tinha 40 anos de idade, hoje estou com 60 anos. Passei um terço da minha vida como arguido", salientou Torres Couto, que não assistiu à leitura da sentença por se encontrar no Brasil.

Salientando que está contente com a decisão do colectivo de juízes, o ex-dirigente da UGT recordou que "muita gente", nomeadamente dentro do seu partido, o PS, "lhe quis mal porque era uma pessoa incómoda".

Torres Couto sustentou que o processo UGT/FSE pôs em causa a sua honra e dignidade e que afectou a sua vida profissional e política.

"Mas pelo menos deixo aos meus filhos a herança de que o pai foi um homem íntegro e sério", concluiu.

O colectivo de juízes presidido por João Felgar absolveu hoje do crime de fraude e plano criminoso todos os 36 arguidos do caso UGT, que eram acusados de desviar verbas do Fundo Social Europeu (FSE) na formação profissional prestada pela central sindical UGT.

O tribunal considerou atribuível o crime de burla na forma tentada ao dirigente da central sindical José Manuel Veludo, mas já prescrito.

O processo UGT/FSE tinha como arguidos o actual secretário-geral da UGT, João Proença, o seu antecessor, José Manuel Torres Couto, o ex-tesoureiro José Veludo e o também antigo dirigente da central sindical Rui Oliveira e Costa, entre outros.

Os factos do caso UGT/FSE remontam a 1988/89, tendo a acusação por fraude na obtenção de subsídios, num valor superior a 358 mil contos (1,8 milhões de euros), sido deduzida pelo Ministério Público (MP), em 1995, contra 36 arguidos, 23 dos quais pessoas singulares.

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