Operação "Noite Branca": 14 detenções em 58 buscas na zona do Porto

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O director nacional da PJ afirmou que a luta contra a criminalidade na noite do Porto ainda não acabou Pedro Cunha (arquivo)

O director nacional da Polícia Judiciária (PJ), Alípio Ribeiro, confirmou oficialmente 14 detenções no âmbito da operação "Noite Branca", de combate à criminalidade associada à noite do Porto. O mesmo responsável desmentiu em conferência de imprensa, na Directoria da PJ/Porto, buscas em residências de polícias suspeitos de envolvimento em esquemas de segurança ilegal.

Alípio Ribeiro, que se deslocou ao Porto para seguir pessoalmente a operação, falou numa "operação complexa "pelo tipo de pessoas com que se está a lidar" e na qual foram apreendidas armas, droga e veículos. "Não está fechada a página do livro do combate à criminalidade na noite do Porto", garantiu ainda o director nacional da PJ que confirmou que foram realizadas 58 buscas domiciliárias e em estabelecimentos.

Os 14 detidos estão indiciados por associação criminosa, homicídio voluntário, tráfico de estupefacientes, receptação e detenção de armas proibidas. Todos serão apresentados segunda-feira ao Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto.

Ladeado pelos responsáveis da PJ/Porto - Vítor Guimarães (director) e Artur Pereira (subdirector) -, Alípio Ribeiro revelou que a operação envolveu 202 funcionários daquela polícia, em colaboração com 60 elementos do Corpo de Intervenção da PSP, a quem coube garantir os perímetros de segurança. Uma juíza de instrução criminal, que emitiu os mandados, acompanhou a acção.

Operação estava a ser preparada "há algumas semanas"

A operação, garantiu, "já estava em preparação há algumas semanas". Na conferência de imprensa, o director da PJ escudou-se no segredo de justiça a que está vinculado para não fornecer alguns detalhes pedidos pelos jornalistas, mas negou informações não oficiais que apontavam para buscas em casas de elementos da PSP suspeitos de estarem associados à segurança na noite do Porto. "Não se fez nenhuma busca, nem houve qualquer intuito de as desenvolver", assegurou.


A primeira fase da operação "Noite Branca" já terminou, mas o director nacional da PJ admitiu que possam fazer-se mais detenções e mais buscas domiciliárias relacionadas com os homicídios de três seguranças e do dono de uma discoteca. Alípio Ribeiro disse ainda que a operação foi "desenhada" pela Directoria da PJ/Porto. "Há mais de uma semana que o quadro desta operação já estava desenhado", afirmou.

Quando questionado sobre se a operação teve qualquer participação da magistrada Helena Fazenda, designada na quarta-feira pelo Procurador-geral Pinto Monteiro para supervisionar esta investigação, o director nacional da PJ respondeu de forma evasiva. "Sei que há uma magistrada do Ministério Público que foi designada para este processo", afirmou, sem fazer mais comentários a esse respeito, mesmo quando os jornalistas insistiram, procurando saber se a presente operação foi comunicada a Helena Fazenda.

Várias apreensões

Foram apreendidos quatro veículos automóveis, um motociclo, duas armas do tipo "shot-gun", uma pistola de calibre nove milímetros, um revólver e outras armas. Foi também apreendido produto estupefaciente, segundo um comunicado distribuído aos jornalistas na conferência de imprensa, mas não é avançada a quantidade.


Aparelhos de audiovisual, "que se presume serem provenientes de furto", foram igualmente apreendidos durante a operação "Noite Branca", explica o comunicado.

À margem da conferência de imprensa, o director da PJ/Porto, Vítor Guimarães, disse que, com estas detenções, "foi desmantelado um núcleo duro de um grupo ligado à violência no Porto".

O PÚBLICO sabe que, entre os detidos, há elementos do grupo da Ribeira.

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