Nuno Santos aceitou convite para director de programas da SIC

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Rui Gaudêncio/PÚBLICO (arquivo)

O senhor que se segue na programação da SIC é Nuno Santos. O convite feito ao actual director de programas da RTP pela estação de Carnaxide, ontem divulgado de manhã no PUBLICO.PT foi aceite ao fim do dia, após uma reunião de Nuno Santos com Guilherme Costa, o novo presidente do conselho de administração do canal público, que veio substituir Almerindo Marques.

"Tomei hoje a decisão de renunciar ao cargo de director de programas", diz Nuno Santos, num comunicado assinado por si, onde, sem dizer que vai para a SIC, agradece à equipa que, durante os seus cinco anos no canal público, possibilitou a "extraordinária aventura de fazer renascer a RTP e de a reconciliar com os portugueses".

Também no comunicado, Nuno Santos evoca os 50 anos de história do canal "que se confundem com a vida recente de Portugal mas igualmente por outros em que a RTP foi utilizada sem pudor pelos vários poderes ou interesses".

Este convite a Nuno Santos surge numa altura em que, face aos maus resultados dos últimos tempos, a estação de Carnaxide arrisca-se a ser este ano o terceiro canal na guerra de audiências pela primeira vez na sua história.

Nuno Santos já por várias vezes terá dito, e ontem voltou a repetir, que num vasto currículo, o período de maior desafio da sua carreira ocorreu quando entrou na RTP, um canal que encontrou com 20,8 por cento de share, e como hoje deixa a estação da Marechal Gomes da Costa com mais de 25 por cento de share e prestes a tornar-se o segundo canal mais visto.

A saída de Francisco Penim da direcção de programação da SIC, referida há mais de um ano, surge assim como incontornável depois de uma sucessão de apostas fracassadas na programação, cujas consequências se foram acumulando. Sobre a SIC, Nuno Santos afirmou ontem: "Digo apenas que parto para um novo projecto onde o quadro é tão ou mais difícil do que aquele que existia em 2002 na RTP."

Passado delicado na SIC

Mas o regresso à SIC é um encontro de Nuno Santos com um passado delicado. Em 2001 o agora director de programas da RTP saiu da SIC não só incompatibilizado com Emídio Rangel, então director-geral adjunto, mas também em conflito com a redacção.

Na altura Nuno Santos era o nome indicado por Francisco Pinto Balsemão para substituir o director-geral histórico Emídio Rangel, cuja continuidade não era vista com bons olhos por Balsemão após um declínio nos resultados do canal.

Fiéis a Rangel, e perante um fantasma de fusão das redacções da SIC e da SIC Notícias e de despedimentos iminentes, os coordenadores e editores da SIC fizeram um abaixo-assinado em apoio de Rangel, que foi entregue a Balsemão.

Nuno Santos acabaria, na sequência dessa crise, por apresentar a demissão. E por sair do canal que viu nascer em 1992.

A saída de Nuno Santos da RTP acontece numa altura em que ainda está por saber qual será a formação do novo conselho de administração do canal público. Mas Nuno Santos não deixa de lembrar o anterior quadro de administradores e afirma mesmo que a situação de recuperação da RTP teve em Luís Marques e Ponce de Leão "elementos-chave".

"Até hoje nunca falhei um projecto e trabalho sempre para manter esse crédito. Evocando Pessoa, o meu poeta de eleição "tenho em mim todos os sonhos do mundo"", diz Nuno Santos no fim do comunicado, onde ainda deseja boa sorte e se oferece para colaborar com o seu sucessor que, para já, não é conhecido.

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