Apoio de Oprah Winfrey a Barack Obama pode baralhar dados eleitorais nos EUA

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Diariamente, Oprah alcança uma audiência de cerca de dez milhões de pessoas Chris Keane/Reuters

Mais de 30 mil pessoas estiveram no estádio de futebol da Universidade da Carolina do Sul para o maior comício (até agora) da campanha democrata para a nomeação para a Casa Branca. Mas foram ver Barack Obama, o senador do Illinois que quer ser Presidente dos Estados Unidos, ou Oprah Winfrey, a super-estrela televisiva que apoia a sua candidatura?

Segundo a imprensa norte-americana, reunir mais de dez mil pessoas num comício das primárias é um feito inédito na política dos Estados Unidos. "Podia dizer que é algo sem precedentes, mas a expressão não descreve exactamente a magnitude do que assistimos aqui", comentou Dick Harpootlian, o antigo presidente do Partido Democrata na Carolina do Sul e um entusiasta apoiante de Obama.

"Será que ele é a pessoa certa? Eu acredito que ele é a pessoa certa!", animou Oprah Winfrey, que já foi classificada como a "irmã mais velha da América", tal é a atenção com que as audiências seguem os seus conselhos. Usando a mesma linguagem a que recorre nos seus programas televisivos, Oprah evitou falar de propostas e políticas para se concentrar em sentimentos e emoções. Os eleitores não têm de se contentar com o "normal" ou o "inevitável". "Votem no sonho e façam-no acontecer", desafiou.

Diariamente, Oprah alcança uma audiência de cerca de dez milhões de pessoas. Até agora, a comunicadora manteve-se arredada da vida política activa, "desiludida e desencorajada". Mas, como explicou, agora sente-se "inspirada por um candidato que faz acreditar que uma nova visão é possível".

Mas porque é tão importante para as campanhas políticas contar com o apoio das figuras do espectáculo e entretenimento? Será que o star power que garante vendas e audiências também se pode reflectir em votos? Oprah é uma das personalidades em quem os americanos mais confiam: os analistas admitem que o seu envolvimento na campanha de Obama pode vir a "baralhar" a actual matemática eleitoral nos Estados Unidos. Por exemplo, Oprah exerce uma profunda influência sobre as mulheres, grupo particularmente sensível à campanha de Hillary Clinton. No estado do Iowa, onde arranca o calendário eleitoral com os caucuses (assembleias) de dia 3 de Janeiro, metade dos eleitores são mulheres - e Hillary, que estava à frente nas sondagens, acaba de ceder o seu lugar na liderança a Obama.

Na Carolina do Sul, outro dos estados fundamentais nas primárias, quase 50 por cento dos eleitores são negros. Não admira, portanto, que, para contrariar o ascendente da dupla Obama-Winfrey, a campanha de Hillary tenha enviado para o terreno o antigo Presidente Bill Clinton, um dos políticos mais queridos entre o chamado "eleitorado afro-americano" (foi mesmo designado "o Primeiro presidente negro da América").

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