Autoridades russas avaliam derrame de petróleo no mar Negro como uma "catástrofe"

Esforços de resgate foram limitados pelas condições meteorológicas desfavoráveis, mas os corpos de três marinheiros já deram à costa

a As autoridades russas e ucranianas lançaram ontem operações de resgate e limpeza no mar Negro, depois da brutal tempestade que assolou o estreito de Kerch no domingo e provocou o naufrágio de um petroleiro e de pelo menos outras cinco embarcações de grande porte, duas delas transportando enxofre.Sinais do derrame de cerca de duas toneladas de fuelóelo começavam ontem a chegar às zonas costeiras russas, oriundas dos depósitos do petroleiro Volganeft-139, que se afundou depois de se partir ao meio numa zona do mar de Azov cuja profundidade máxima é de 14 metros.
Os corpos de três dos oito marinheiros dados como desaparecidos no naufrágio do cargueiro Najchevan, que se afundou perto do porto de Kavkaz, com uma carga de cerca de 2000 toneladas de enxofre, foram ontem encontrados pelas equipas de resgate perto do cabo de Tuzla, na zona costeira do mar Negro do Sul da Rússia.
Uns 300 quilómetros para oeste, ao largo da Ucrânia, prosseguiam as buscas pelos 15 tripulantes desaparecidos no naufrágio do Shaj Ismail, o cargueiro de pavilhão georgiano que transportava 5600 toneladas de metais e se afundou em Sebastapol.
As condições meteorológicas desfavoráveis, com ventos de 100 quilómetros por hora e vagas com mais de oito metros, impediram as equipas de iniciarem a recolha do combustível derramado. As autoridades crêem que parte está a afundar-se para o leito marítimo.
"É uma catástrofe ecológica de grande envergadura", avaliou o presidente da organização russa Ekozachtchita (Defesa Ecológica), Vladimir Sliviak, referindo-se ao naufrágio do petroleiro. "Não será possível recolher a carga que se derramou, caso se deposite no fundo", sublinhou.
O depósito submarino do combustível derramado no mar de Azov conduzirá a "uma diminuição do oxigénio na água, com consequências destrutivas para a fauna", alertou, por sua vez, a Greenpeace.
"Os danos são tão elevados que é difícil avaliar. Pode ser uma catástrofe ecológica", notou o governador da região de Krasnodar, no mar Negro, Alexander Tkachiov, citado pela agência Interfax. Na véspera, Oleg Mitvol, o chefe da Rosprirodnadzor, a agência governamental que tutela as questões ambientais na Rússia, quedara-se por avaliar o desastre como "ecologicamente sério". Isto mesmo estimando que a poluição demoraria "vários anos" a limpar. Um derrame de 1000 toneladas de fuelóleo é consensualmente considerado um desastre em larga escala.
Ainda segundo Mitvol, os derrames de enxofre, um elemento químico inerte, não apresentam um perigo ambiental, até por se encontrarem em contentores selados. No entanto, notou, o combustível a bordo dos dois cargueiros que se afundaram transportando aquele elemento químico - o Najchevan e o Volnogorsk - pode vir a juntar-se aos hidrocarbonetos já perdidos pelo petroleiro.
O presidente do grupo ambientalista Cruz Verde, Sergei Baranovski, sustentou, porém, à agência de notícias RIA Novosti que o enxofre pode apresentar um risco potencial para a natureza ainda superior ao do fuelóleo.
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