André Guedes e as cadeiras verdes da Fidelidade Mundial

a O ano: 1987. Foi quando a Fidelidade Mundial decidiu uniformizar a imagem das suas diversas agências. Tanto quanto se sabe, houve um departamento encarregue da escolha do mobiliário, porém, a escolha das cores deste, nomeadamente a das cadeiras de funcionários e público, acabou por ficar nas mãos da Tesouraria - à falta de qualquer indicação, o funcionário encarregue de fazer a encomenda pegou num pantone e, em votação de grupo com os colegas, escolheu um verde-eléctrico, em vez do azul, a cor da Fidelidade. Este facto da história da empresa fascinou o artista plástico André Guedes, que há um ano foi convidado a criar uma obra para a Chiado 8, o espaço de exposições da seguradora. André Guedes começou a trabalhar nesta intervenção na mesma altura em que pegou no projecto com que se candidataria ao Prémio União Latina, de que saiu vencedor. Assim, os projectos acabaram por seguir vias paralelas.
Amanhã Hoje, o trabalho com que venceu o prémio, recontextualizava na Culturgest os bastidores institucionais da Caixa Geral de Depósitos (CGD): na exposição, especialistas organizavam parte do espólio documental do Banco Nacional Ultramarino, incorporado pela CGD em 2001. Abordavam-se questões ligadas à memória e à sua organização, bem como os anacronismos decorrentes da sugestão da coexistência de diferentes tempos num mesmo espaço e momento - o passado (evocado por todos os materiais, como o papel-zebra manuseado pelos arquivistas), o presente (tempo da acção) e o futuro (sugerido por um calendário adiantado um dia).
Em Informação/Information, André Guedes instala na Chiado 8 (fica no piso térreo do edifício do Largo do Chiado, onde trabalham os quadros superiores da Fidelidade) duas zonas distintas de espaços de atendimento ao público usando uma mistura entre o já referido mobiliário - cadeiras verde-eléctrico incluídas, mas também documentação do ano da uniformização de imagem da empresa - e mobiliário mais actual, procurando uma suspensão do tempo em que a espera do público pelo seu momento de atendimento - à entrada é necessário tirar uma senha de vez - está em enfoque.
É a primeira exposição deste artista de 36 anos depois do União Latina, que, desde a sua instituição, em 1990, já premiou nomes como Pedro Calapez, Rui Chafes, João Onofre e Filipa César. Informação/Information é também a sétima e última mostra do primeiro bloco de exposições da Chiado 8, todas comissariadas por Ricardo Nicolau, um dos assessores do Museu de Serralves, no Porto. Os próximos artistas a expor serão Leonor Antunes, Ana Jotta, Alexandre Estrela e Francisco Tropa.

LISBOA Chiado 8, Largo do Chiado 8. Tel.: 213237335. De 2.ª a 6.ª, das 12h às 20h. Até 4 de Janeiro.

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