PS justifica aumento da extracção na Arrábida com compromissos na privatização da Secil

Foto
O BE lembrou que Sócrates disse em 2001 que as pedreiras na Arrábida tinham de ser fortemente limitadas Rui Gaudêncio/PÚBLICO (arquivo)

O PS justificou hoje o aumento da cota de extracção da Secil nas pedreiras da Arrábida com a necessidade de respeitar compromissos do Governo aquando da privatização da empresa.

Em resposta a críticas levantadas pelo Bloco de Esquerda, o deputado socialista Alberto Antunes explicou que "aquando da privatização da Secil o Governo garantiu a extracção de 115 milhões de toneladas" das pedreiras da serra da Arrábida.

"Se não for possível aumentar a área de exploração tem de se encontrar uma solução que permita ao Estado manter-se como uma pessoa de bem. Ou o BE advoga o encerramento automático da Secil e está em condições de garantir emprego para os seus 800 trabalhadores?", questionou o deputado socialista.

Numa declaração política no plenário da Assembleia da República, a deputada do BE Alda Macedo retomou as críticas já lançadas pelo líder Francisco Louçã sobre a aprovação pelo Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) do aumento da cota exploração da cimenteira nas pedreiras do Outão.

"Que seja o Ministério do Ambiente, através de um dos seus organismos pretensamente independentes, o promotor deste negócio que privilegia o bem privado em detrimento do público não deixa de ser sintomático sobre o entendimento que o Governo faz do seu papel", criticou.

A deputada do Bloco lembrou declarações do PS antigas nesta matéria, nomeadamente do actual primeiro-ministro José Sócrates.

"Em 2001, o ministro do Ambiente deu uma entrevista à RTP dizendo que "as pedreiras na Arrábida têm de ser fortemente limitadas". O ministro dava pelo nome José Sócrates, cujo Governo agora permite alegremente que a Secil continue a laborar e a desventrar a Arrábida por mais um bom par de anos", criticou.

As críticas estenderam-se às restantes bancadas da oposição, com excepção do PSD, com um dos ataques mais fortes a vir do CDS-PP.

"Só o PS é que não quer perceber que esta decisão irá afectar toda a zona do parque natural da Arrábida e afectar gravemente a candidatura desta zona a património da Humanidade", criticou o deputado democrata-cristão Nuno Magalhães.

Heloísa Apolónia, pelo Partido Ecologista "Os Verdes", considerou a decisão do ICNB "verdadeiramente escandalosa", considerando que "Portugal não está em condições de degradar um património natural" com as características do parque natural da Arrábida.

Na mesma linha, o deputado do PCP Miguel Tiago acusou o Governo de continuar "uma política de venda a retalho dos recursos do país a retalho".

Sugerir correcção
Comentar