Exposição retrospectiva de Paula Rego no Museu Rainha Sofia em Madrid

Foto
Obra de Paula Rego em retrospectiva Paulo Pimenta/PÚBLICO

A partir de 25 de Setembro, Madrid recebe a obra Paula Rego, numa viagem quase integral pelo trabalho da pintora e artista plástica portuguesa. Uma década depois da última retrospectiva, o Museu Rainha Sofia acolhe os principais frutos de uma vida dedicada à arte. Os organizadores chamam-lhe oportunidade "rara e talvez irrepetível”.

Duas centenas de trabalhos, entre pinturas, gravuras e os desenhos. É este o resultado de meses de selecção, um trabalho lento e meticuloso para quem é responsável por planear todos os aspectos de uma retrospectiva, disse ao PÚBLICO Marco Livingstone, comissário da exposição. Apesar da ajuda de Paula Rego, com quem tem estado e falado diariamente desde que surgiu o projecto, localizar as peças mais importantes do seu percurso artístico e fazer com que os donos as emprestassem foi um grande mas gratificante desafio.

“Ela está muito ansiosa. Não só porque é a sua maior e mais completa retrospectiva, mas sobretudo porque tem lugar no Museu Rainha Sofia. Inspirou-se muito na arte espanhola, dos frescos catalães do período romanesco aos mestres do século XVII e a Solana no século XX. E depois Picasso e sobretudo Goya”, disse Livingstone. “Ter o seu trabalho em Espanha e a esta escala significa muito para ela”.

E significa muito para o Rainha Sofia. “Uma artista tão criativa, que utilizou sempre a sua arte como uma viagem através da mente e da complexidade das experiências vitais, que continuou sempre a trabalhar com um ritmo intenso e energético só se pode fazer justiça com uma exposição desta amplitude”, disseram os responsáveis em comunicado.

A exposição vai estar organizada cronologicamente. A abrir, uma "pintura do natural" de 1954, quando Rego ainda frequentava a Slade School of Fine Art, em Londres, cidade onde tem vivido a maior parte da sua vida.

Depois são cinquenta anos de carreira e alguns trabalhos expostos pela primeira vez. Peças com mensagens políticas e o ódio a Salazar, os anos 60 e 70 dedicados aos filhos, as obras de grande formato a partir dos anos 80 e por fim, aquela que é a fase mais inquietante de Paula Rego, diz o comunicado do museu: os grandes trabalhos a pastel, por que é mais conhecida actualmente, entre os quais as séries "Mulher-Cão", “Crime do padre Amado” e “Aborto” e os trabalhos já deste século, inspirados na literatura de Charlotte Brontë, Kafka e Hans Christian Andersen e Martin McDonagh.

“Ela é uma das artistas mais humanas que ainda vivem. O seu trabalho toca muito e, a esse nível, mesmo pessoas normais que não estejam muito por dentro da história da arte ou da arte contemporânea vão sentir-se cativadas e até envolvidas pelas fantásticas narrativas e pelo imaginário por trás dos seus trabalhos”, disse Livingstone.

A retrospectiva da artista figurativa portuguesa – que, aos 72 anos, continua a pintar em Londres – deixa Madrid no dia 30 de Dezembro, rumo a outros centros de exposições, adiantou o Rainha Sofia.

Sugerir correcção
Comentar