Polícia britânica deteve suspeito de conspiração para matar Berezovski

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Boris Berezovsky acusou pessoalmente Putin de estar por trás desta conspiração Kieran Doherty/Reuters

A polícia britânica anunciou hoje ter detido, no mês passado, um homem suspeito de ligação a uma alegada conspiração para assassinar o milionário russo, Boris Berezovski, exilado em Londres.

Em comunicado, a Scotland Yard revela que o homem foi detido a 21 de Junho, no centro da capital britânica, mas foi entregue dois depois aos serviços de imigração, sem ter sido formalmente acusado de qualquer crime.

Confrontado pela AFP, o porta-voz da polícia criminal britânica escusou-se a revelar a nacionalidade do suspeito ou se ele foi repatriado.

O anúncio surge horas depois de Berezovski ter acusado o Presidente russo, Vladmir Putin, de ter ordenado um plano para o assassinar.

O milionário, uma das principais vozes da oposição a Putin, revelou ter recebido no mês passado um telefonema da Scotland Yard, avisando-o de que existia um plano para o assassinar e aconselhando-o a deixar o país por uns dias. Berezovski saiu do país a 16 de Junho, tendo regressado uma semana mais tarde, depois de ter recebido garantias de que o plano falhara.

“Foi Putin quem esteve pessoalmente por trás desta conspiração. Não estou nada surpreendido que ele me tente matar”, afirmou Berezovski, esta tarde, durante uma conferência de imprensa, em Londres, a que compareceu rodeado por vários seguranças.

Questionado sobre quais as razões que levariam o Kremlin a querer eliminá-lo, o milionário lembrou que tem sido um dos principais financiadores dos partidos da oposição russa e que é uma das principais testemunhas no processo relativo ao assassinato do antigo espião russo Alexander Litvinenko. “São as mesmas pessoas que estão por trás da morte de Litvinenko que me queriam matar”, afirmou.

Berezovski nega, porém, que a divulgação deste caso esteja relacionada com o aumento da tensão entre Moscovo e Londres, depois de o Governo britânico ter expulsado quatro diplomatas em retaliação pela recusa das autoridades russas em extraditar Alexei Lugovoi, principal suspeito no assassinato de Litvinenko.

Questionado sobre estas informações, o embaixador russo em Londres, Iuri Fedotov, negou que o seu Governo tenha qualquer responsabilidade na conspiração denunciada por Berezovski. O Governo britânico escusou-se também a comentar o assunto.

Berezovski, um oligarca próximo do antigo Presidente russo Boris Ieltsin, caiu em desgraça com a chegada de Putin ao poder, tendo obtido o estatuto de refugiado no Reino Unido, em 2003. A justiça russa pediu, por várias vezes, a extradição do milionário, a quem acusa de roubo, corrupção e tentativa de golpe de Estado.

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