Torne-se perito

Carla Thomas

Quantas rainhas teve a soul? Tantas quantas as que a nossa paciência para vasculhar em baús poeirentos permitir. Entre elas está a filha de Rufus Thomas, o compositor de Walking the Dog, Carla. Durante três anos a soul foi dela, da voz menos menineira que a de Ronnie, com menos esquinas por limar que a de Bettie, sem o desespero da de Peebles. Não foi por acaso que, em 1969, editou um disco chamado Memphis Queen: basta ouvir, nesta reedição, I take it to my baby, escrita a meias entre Steve Cropper (guitarrista dos Booker T & The MG"s) e Isaac Hayes, uma das principais duplas de escrita da Stax. I take it to my baby tem o suor soul tal como Otis Redding o definiu, mas reduzido ao esqueleto, com a canção a girar à volta de um padrão de música latina na bateria, e depois resta a voz e o baixo - os metais entram apenas nos momentos de maior fulgor. Há baladas, versões de Bacharach, um blues escrito pelo enorme Eddie Floyd. Foram apenas três anos: começou com Carla, em 1966, e acabou exactamente aqui. Foram apenas três anos e quatro grandes discos, mas foi também um dos mais intensos reinados da soul americana. J. B.
Carla Thomas
The Queen Alone
Stax; distri. Universal
agenda@publico.pt

Sugerir correcção