The Lovebirds, de Bruno de Almeida, abre festival de cinema digital de Lisboa

Seis histórias de amor passadas em Lisboa numa só noite

a Quando Michael Imperioli conheceu o realizador português Bruno de Almeida, há dez anos em Nova Iorque, não era a estrela planetária que é hoje (é o sobrinho da série Os Sopranos) e estava a léguas de imaginar que Lisboa se ia tornar um destino frequente.Mas o actor ficou amigo de Bruno de Almeida, os dois fizeram vários projectos juntos - a On the Run seguiu-se The Collection, short-stories filmadas entre 2001 e 2005 - e por isso hoje Imperioli vai estar no Cinema São Jorge, em Lisboa, para a estreia mundial do filme The Lovebirds, que abre o Village International D-Cinema Festival.
O filme de Bruno de Almeida, seis histórias de amor passadas em Lisboa na mesma noite, é digital, e é esse o critério do festival. "É de facto diferente filmar com digital", disse Imperioli, num restaurante de Alfama, em Lisboa, num intervalo das filmagens, em Maio. "Dá-nos flexibilidade, mas não nos dá tempo. É só corta-acção, corta-acção."
Em The Lovebirds, Imperioli faz o papel de um artista nova-iorquino que vem a Lisboa montar uma instalação, e um dia vê uma mulher no metro [actriz Ana Padrão] "e tem uma atracção estranha por ela - ele é uma espécie de personagem assombrada, é um tipo triste", conta o actor americano. Persegue-a pela rua e acaba por cair, ela ajuda-o e leva-o para a sua casa, em Alfama.
Lisboa, diz Imperioli, "é uma cidade que tem um forte sentido de si própria". No ano passado, esteve na cidade duas vezes, porque entra no filme de Paul Auster, filmado em Lisboa. E deve cá voltar porque ele e Bruno de Almeida têm mais um projecto em comum: contrataram Scott Pardo, que escreveu guiões para Abel Ferrara, para escrever um argumento para eles.
Para fazer The Lovebirds - pássaro africano que morre quando fica viúvo - juntaram-se vários amigos do realizador: vieram de Nova Iorque, Los Angeles e de Messejana, no Alentejo. Na equipa, de actores e técnicos, há também os dois ramos da família do realizador, primos e primas e até a mãe, que é figurante.
Os actores que voaram para as filmagens - Drena de Niro (filha de Robert de Niro), Nick Sandow, Joaquim de Almeida, John Ventimiglia e John Frey - vão estar todos hoje na estreia. Entre os actores portugueses (que não precisaram de voar) estão Rogério Samora. Fernando Lopes também entra e faz dele próprio.
26 filmes em concurso
A segunda edição do Lisbon Village Festival - o primeiro festival internacional de cinema digital da Europa - começou na prática a 7 de Junho, com a inauguração da exposição de pintura de Robert de Niro pai, no Palácio Galveias.
Mas o núcleo-duro do evento - que tem três frentes: a frente festival de cinema, a frente das artes plásticas, com o Village Art, e a frente animação paralela, com o Village Lounge - é mesmo a competição que decorre até domingo.
Este ano há 26 filmes a concurso: quatro curtas-metragens portuguesas, que disputam um prémio de 7.500 euros, 13 curtas-metragens internacionais (prémio de 15 mil euros) e nove longas-metragens internacionais (30 mil euros). O júri desta segunda edição é presidido pelo realizador e produtor inglês Don Boyd e inclui a escritora cubana Zoe Valdés, o realizador sul-africano Heinrich Dahms, o actor português Filipe Duarte e a secretária técnica e executiva do programa Ibermedia, Elena Villardel.
Sessões competitivas à parte, o compromisso do festival com a cultura digital passa também por duas exposições, que abriram no final da semana passada na Fundação Portuguesa das Comunicações: o Village Art Showcase, colectiva internacional de artistas influenciados pelos new media, e The Next Big Thing, ponto da situação do trabalho que as escolas artísticas portuguesas têm feito tendo em vista a introdução das novas tecnologias na criação contemporânea.

com Inês Nadais

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