Vacina contra vírus HPV também ajuda a prevenir cancro de vagina e vulva

a A vacina contra o cancro do colo do útero protege as mulheres não só de alguns tipos de papilomavírus humanos (HPV), mas também pode reduzir a incidência de cancro de vulva e vagina. É o que revela um artigo, publicado hoje na versão on-line da revista The Lancet, elaborado pela equipa de Jorme Paavonen, do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do University Central Hospital de Helsínquia, na Finlândia. O estudo sobre a eficácia deste fármaco recentemente comercializado - disponível em Portugal, mas não incluído no plano de vacinação nacional - envolveu mais de 18 mil voluntárias, com idades compreendidas entre os 16 e 26 anos, de 24 países da Europa, da Ásia e das Américas.
O grupo foi acompanhado durante três anos, sendo que apenas uma parte das mulheres recebeu a vacina contra quatro diferentes tipos de HPV (conhecidos pelos números 6, 11, 16 e 18). E, como é comum em muitos estudos, à outra parte foi administrado um placebo - uma substância inócua que permite ter um grupo de controlo, um termo de comparação.
O resultado? A vacina revelou uma eficácia de 71 por cento em mulheres que já haviam estado em contacto com o vírus HPV, refere uma nota de imprensa da Lancet, e de 100 por cento naquelas que nunca estiveram expostas a algum dos quatro tipos de papilomavírus humanos. Até aí, nenhuma novidade: estudos anteriores apontavam para os mesmos valores.
Aquilo que realmente animou a equipa do hospital finlandês foi perceber que a vacina implicou, no universo de mulheres sexualmente activas, uma redução de 49 por cento das lesões de alto grau na vagina e na vulva. Isto porque, nas últimas três décadas, registou-se um aumento significativo do número de casos de lesões pré-cancerígenas ou cancro na vulva.
"Esta é uma tendência preocupante, porque estes tipos de cancro não são de fácil rastreio", afirmam os autores no estudo da Lancet. "No passado, o cancro vulvar era diagnosticado quase exclusivamente em idosas. Estudos recentes mostram agora que 20 por cento destes cancros passaram a afectar mulheres com menos de 50 anos", acrescentam.
Embora o cancro vaginal ou vulvar seja muito menos frequente do que o do colo do útero, os cientistas sublinharam no comunicado que é difícil o diagnóstico precoce dos primeiros. Assim, a opção é o tratamento cirúrgico, que pode ser mutilante e causar depressões ou disfunções sexuais.
49%
foi a redução obtida com a vacina contra
o cancro do colo do útero nas lesões de alto grau na vagina
e na vulva
49% foi a redução obtida com a vacina contra o cancro do colo do útero nas lesões de alto grau na vagina e na vulva

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