Soluções de mitigação propostas pelo IPCC


Diminuir as subvenções às energias fósseis (petróleo, gás, carvão) e impor uma taxa do carbono: quanto maior for o preço do carbono, maior o interesse dos utilizadores de energias fósseis em mudar para tecnologias e modos de consumo mais eficientes.

Promover as energias renováveis (eólica, solar, geotérmica e outras) com a ajuda de subvenções, legislação ou imposição de taxas que as tornem concorrenciais em relação às energias fósseis.

A energia nuclear faz parte das tecnologias que permitem reduzir as emissões.

O sequestro e armazenamento de dióxido de carbono, uma tecnologia ainda experimental que consiste em captar as emissões em grandes instalações industriais e enterrá-las, poderão contribuir de forma importante para a redução de emissões dentro de 20 anos.

Reduzir a poluição dos transportes e encorajar os transportes públicos e modos de transporte não motorizados, aumentar os impostos sobre a compra de automóveis e sobre os combustíveis.

Promover uma construção ecológica, através de normas mais severas, melhor isolamento e sistemas de climatização mais eficientes. Até 2020 poderão ser evitadas cerca de 30 por cento das emissões de dióxido de carbono no sector dos edifícios.

Reduzir as emissões da indústria através de incentivos fiscais e licenças de emissão.

Alterar as práticas agrícolas e reduzir a desflorestação.




Aprovado relatório da ONU sobre mitigação das alterações climáticas

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O relatório foi negociado até ao mais pequeno pormenor durante esta semana Adrees Latif/Reuters

Os 400 delegados do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), reunidos desde segunda-feira em Banguecoque, aprovaram hoje um relatório que propõe medidas para limitar o aumento das temperaturas a uma subida de dois graus. Para alcançar este objectivo, a taxa de crescimento anual seria reduzido em 0,12 por cento a partir de 2030.

O relatório — um resumo de intenções dos decisores políticos que os peritos do IPCC aprovaram — "identifica, claramente, as medidas para lutar contra as alterações climáticas a um custo relativamente moderado", considerou Rajendra Pachauri, presidente do IPCC.

Os especialistas foram unânimes em declarar que, mais do que possível, é urgente agir contra o sobre-aquecimento global, que poderá chegar aos 6,4 graus em 2100, em relação ao período 1980-1999. No entanto, os peritos continuam a divergir quanto aos meios mais indicados para alcançar esse objectivo.

Negociado até ao mais pequeno detalhe esta semana, o relatório do IPCC considera que os próximos 20 a 30 anos serão cruciais para garantir que as temperaturas médias do planeta não subam mais do que entre 2 e 2,4 graus. Se esse objectivo for alcançado, o IPCC estima que as emissões mundiais de gases com efeito de estufa (GEE) deverão começar a decrescer a partir de 2015, de acordo com o cenário mais optimista.

Para estabilizar a concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera a níveis situados entre as 445 e as 490 partes por milhão (ppm) e para conter o aumento das temperaturas, é preciso que estas emissões atinjam um pico até 2015 e que desçam em seguida 50 por cento (379 ppm) até 2050, segundo o documento.

"Se continuarmos a fazer o que estamos a fazer agora, vamos ter graves problemas", advertiu Ogunlade Davidson, co-presidente de um grupo de trabalho do IPCC, na apresentação de uma síntese dos debates que tiveram lugar esta semana em Banguecoque.

Bert Metz, co-presidente do grupo de trabalho III do IPCC, acredita no "grande potencial" para reduzir as emissões. "E esse potencial é tal que vai permitir compensar o crescimento das emissões com as tecnologias actuais". Metz acredita ainda que "todos os sectores poderão contribuir para a redução das emissões em todos os países do mundo".

A questão dos custos deste combate dominou os cinco dias de debates do IPCC, suscitando mesmo fricções entre os representantes dos países presentes, incluindo a China.

O resumo aprovado hoje salienta que "os custos de redução são claramente suportáveis", disse Marc Gillet, líder da delegação francesa.

IPCC apela à alteração do modo de vida de todos

O relatório sublinha também o contributo que cada indivíduo pode dar, como ir de comboio para o emprego, regular a temperatura da casa ou comer menos carne. "As alterações no modo de vida e dos comportamentos podem contribuir para a redução das emissões em todos os sectores", declara o relatório do IPCC.

Mas alterar o modo de vida não significa que as populações dos países ricos ou pobres tenham de fazer sacrifícios. "Isto não é uma questão de sacrifício. É uma questão de mudança. Podemos fazer um desenvolvimento de forma muito mais sustentável", disse Ogunlade Davidson.

Rajendra Pachauri felicitou o antigo primeiro-ministro japonês Junichiro Koizumi que encorajou os seus funcionários a renunciar à gravata no Verão para poder reduzir um pouco a climatização.

Uma outra opção a tomar em consideração é tornar-se vegetariano, acrescentou Pachauri, de nacionalidade indiana, salientando que se trata de um conselho pessoal e não de uma posição oficial do IPCC. "Se as pessoas comerem menos carne, elas poderão ter uma saúde melhor. E, ao mesmo tempo, estão a contribuir para a redução das emissões geradas pela criação de gado". Para produzir carne, transportá-la, refrigerá-la, encaminhá-la para os centros de distribuição, tudo isso contribui para a emissão de gases com efeito de estufa, lembrou.

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