Inland Empire

Lynch desconstrói e desconstrói-se sempre: cada filme constitui um elo mais, que se torna indivisível do conjunto de uma obra que já, há muito, superou qualquer dependência narrativa, para se inscrever num onirismo provocado, como fim em si.

A "fórmula" aceita-se ou rejeita-se (pode questionar-se a sua coerência fílmica, mas não a sua articulação intrínseca), porém, sobretudo depois da perfeição quase "autista" de "Mullholland Drive", ofilme afirma uma estética da repetição e da autocitação.

Reconhecem-se motivos e imagens, reformula-se o sentido rarefeito do tempo, "entramos" (ou não) naproposta da alienação de pistas. Não será o Lynch essencial para entender o seu mundo. E, no entanto, exala o fascínio das formas fechadas, o pudor dos silêncios irrepetíveis.

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