É inevitável citar o existencialismo paisagista de Antonioni a propósito deste óptimo filme do turco Nuri Bilge Ceylan - mas aqui ao lado citava-se Rossellini ou o "Couple Parfait" de Suwa, o que sublinha que, se calhar, o cinema de Ceylan é mais pessoal e irredutível do que parece (para o que contribui a clareza da imagem rodada em digital, a presença do próprio realizador e da sua esposa nos papéis principais).

Há um casal em crise: ele é professor universitário,ela é cenógrafa em séries de televisão. Separam-se no Verão, vivem afastados o Outono, ensaiam uma reconciliação no Inverno, sempre por iniciativa dele, homem frágil mas intrinsecamente desonesto, misógino dependente da figura feminina. Parece que não acontece nada em "Climas", mas a verdade é que sob a superfície calma há um torvelinho de emoçõesconvulsas, que nos seduz aos poucos e fica a trabalhar cá dentro muito depois da projecção acabar.