O Caimão

E se o cinema dito político ou liberal fosse tão cinema de género como o filme de terror e estivesse na altura de o reavaliar? É uma pista que revela aquilo que Nanni Moretti quis fazer: um filme que questiona se ainda é verdadeiramente possível fazer cinema político nos nossos dias, num momento em que ele parece estar arrumado na mesma prateleira onde se arrumaram as séries-Z de género que alimentaram durante anos o cinema italiano.

Mas esse é o lado menos interessante de "O Caimão", melhor no retrato certeiro do produtor em crise que é o motor do filme, que preenche a maior parte da sua duração e que fornece o seu centro emocional. Filme de resistência à formatação que parece hoje abranger toda a produção cinematográfica, que se inscreve orgulhosamente na grande tradição da comédia italiana, "O Caimão" é um grande filme menor que define precisamente o território de um autor, sem por isso ser um grande filme "tout court".

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