Filme da Treta foi o português mais visto

a Os comediantes José Pedro Gomes e António Feio conseguiram fazer funcionar no grande ecrã, em termos de público, a receita de sucesso do seu espectáculo de palco Conversa da Treta. O Filme da Treta, realizado por José Sacramento, foi a mais vista das produções portuguesas em 2006, com 278.421 espectadores (e uma receita bruta de pouco mais de um milhão de euros). Curiosamente, e à imagem do que tinha acontecido no ano anterior com O Crime do Padre Amaro (317.234 espectadores), Filme da Treta foi produzido à margem dos apoios institucionais do ICAM, situação que é desvalorizada pelo vice-presidente do instituto, Nuno Fonseca, que lembra ser missão do organismo "apoiar a produções que desempenhem uma função artístico-cultural". Nuno Fonseca realça a performance de filmes como o documentário Lisboetas, de Sérgio Tréfaut, obra que considera entrar no campo de intervenção do ICAM, e que registou o terceiro melhor resultado em 2006, com 15.246 espectadores. Mais do que este só Coisa Ruim, de Tiago Guedes e Frederico Serra, que, no entanto, ficou a larga distância de Filme da Treta, com menos de 30 mil entradas.
Com estes números, o cinema português ocupou menos de 2,4 por cento da atenção dos espectadores, com 382.697 entradas para 22 produções - o que significa um decréscimo relativamente aos 2,9 por cento (464.158 entradas para 12 produções) de 2005.
Com estes dados, Portugal detém a pior percentagem no share das cinematografias europeias quando confrontadas com os filmes que chegam de fora, maioritariamente de produção americana, e que, segundo os dados do Observatório Europeu do Audiovisual, é liderado pela França, com 45 por cento de presença de filmes nacionais nas salas.

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