Abramovich já gastou mais de 500 milhões em contratações

No relvado, as diferenças não serão tão visíveis, mas fora do campo Chelsea e FC Porto têm paradigmas de gestão muito diferentes

a O FC Porto vai tentar, amanhã, superar o Chelsea no relvado, nos oitavos-de-final da Liga dos Cam-peões. Contudo, fora dele, no plano financeiro, o campeão português não pode ombrear com o campeão inglês. Nenhum clube, de resto, poderá comparar-se, neste momento, ao de Roman Abramovich, o 11.º homem mais rico do Mundo, segundo a última edição da tradicional lista publicada na revista Forbes.Desde que o multimilionário russo se tornou dono do Chelsea, no início da época 2003/04, já gastou 505 milhões de euros só em contratações - a conversão de libras para euros realizada pelo PÚBLICO foi feita ao câmbio actual. Uma soma astronómica que, no entanto, não belisca a fortuna de Abramovich e ajudou o Chelsea a tornar-se a melhor equipa de Inglaterra e uma das melhores mundiais, precisamente o objectivo desejado pelo russo.
No mesmo período, o Chelsea fez apenas 77 milhões de euros com vendas de jogadores. Pelo contrário, o saldo de transferências do FC Porto durante o mesmo ciclo é positivo. Os "dragões" gastaram 77,62 milhões de euros em reforços, um valor elevado para o nível português, mas realizaram 148,3 milhões em vendas. Ou seja, gastaram menos, muito menos, do que o Chelsea e receberam quase o mesmo pelas saídas de jogadores.
O Chelsea é, a propósito, um dos grandes responsáveis pelo proveito portista. No seguimento das vitórias na Taça UEFA e na Liga dos Cam-
peões, em 2003 e 2004, Abramovich apostou em Paulo Ferreira (20 milhões) e Ricardo Carvalho (30) e até José Mourinho (6) rendeu dinheiro ao FC Porto. O outro grande responsável é o Dínamo de Moscovo, que pagou 40,7 milhões de euros por Derlei, Maniche, Costinha, Seitaridis e Nuno.
Em 2006, a Forbes estimou a fortuna de Abramovich em 13.800 milhões de euros, o que ajuda a colocar em perspectiva a quantia gasta em contratações pelo Chelsea. Para ele, não é muito. Mas não deixa de ser verdade que o clube que amanhã visita o Dragão perdeu muito dinheiro em transferências - uma das principais razões para ter registado prejuízos de 207 milhões de euros em 2005 e de 118,8 milhões em 2006.
Um exemplo: o romeno Adrian Mutu foi comprado ao Parma em 2003 por 23,6 milhões de euros, depois despedido em 2004 após ter acusado cocaína num controlo antidoping, acabando por ser contratado pela Juventus a custo zero. E outros: Verón (comprado ao Manchester United por 22,4 milhões; contratado a custo zero pelo Inter), Crespo (comprado ao Inter por 25 milhões; emprestado ao Inter até final do contrato), Damien Duff (contratado ao Blackburn por 25,4 milhões; vendido ao Newcastle por 7,5) e Asier del Horno (veio do Athletic Bilbao por 12 milhões, foi para o Valência por 7,2).
Entretanto, sem se perceber o grau de influência deste registo negativo na decisão, o dono da equipa de Londres declarou a intenção de cortar os gastos em transferências no futuro. "A nossa estratégia é promover e apostar em jogadores da nossa academia, na qual investimos imenso e esperamos que isso dê resultados", afirmou Abramovich em Janeiro.
Shevchenko, o mais caro
A diferença entre Chelsea e FC Porto, no aspecto financeiro, é óbvia. Shev-chenko, a contratação mais cara de sempre do futebol inglês, a par de Rio Ferdinand (Manchester United), custou 30 milhões de libras (cerca de 44,8 milhões de euros) e é apenas um da dúzia de atletas assegurada por 20 ou mais milhões de euros desde o Verão de 2003. No mesmo intervalo de tempo, destacaram-se quatro contratações feitas pelo FC Porto, mas qualquer uma delas por valores muito inferiores: Postiga (Pinto da Costa tinha-o vendido por nove milhões e recuperou-o por 7,5 milhões de euros, mas Pedro Mendes abateu três milhões ao preço), Quaresma (avaliado em seis milhões e incluído na ida de Deco para Barcelona), Diego (sete milhões) e Anderson (foram investidos cerca de 6,75 milhões em 80 por cento do passe do jovem brasileiro).
"Cânticos simpáticos"
Em vésperas do embate com o FC Porto, José Mourinho perspectivou ontem a recepção de que poderá ser alvo no Estádio do Dragão, depois da reacção conturbada de alguns adeptos em Dezembro de 2004, aquando da primeira visita ao recinto azul-e-branco na qualidade de técnico do Chelsea. "Vão oferecer-me cânticos simpáticos, um pouco como aqueles que ouço em Inglaterra. Isso faz parte do jogo, mas conheço a história que escrevi neste clube e nada pode destruir essa história", enfatizou o treinador português, citado pela AFP.
Abramovich parece disposto a conter o investimento e a apostar em jogadores formados nas escolas do clube

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