Síndroma do intestino irritável afecta mais de dois milhões de portugueses

Foto
DR

A síndroma do intestino irritável afecta actualmente mais de dois milhões de portugueses, mas a sua origem permanece desconhecida, afirma o presidente da Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (SPED).

De acordo com Venâncio Mendes, "em Portugal, à semelhança do que sucede na Europa em geral, 20 a 25 por cento das pessoas sofrem desta doença", que não é preocupante em si mas pode camuflar outros problemas mais sérios.

"A doença do intestino irritável é uma patologia funcional, não inflamatória, e que não evolui para nada de maligno mas é preciso estar atento à duração dos sintomas e à sua recorrência", disse o gastrenterologista, em declarações à Lusa.

O emagrecimento do doente, a perda de sangue nas fezes e a alteração do trânsito intestinal, com alternância entre episódios de obstipação e diarreia, são — segundo o especialista — "sinais de alerta" para a hipótese de "existir uma doença mais grave escondida".

Venâncio Mendes disse também que "ainda não se conhece a etimologia [causas] da doença", suspeitando-se de alterações da sensibilidade visceral ou ao nível da fermentação intestinal e da acção de factores psico-sociais "como o stress ou a ansiedade".

"Nos casos em que os responsáveis pelo problema são factores psico-sociais, basta ao doente passar algum tempo longe do foco de stress para melhorar", indicou o presidente da SPED.

Quando a síndroma do intestino irritável está relacionada com a fermentação intestinal, "as alterações ao regime alimentar, por exemplo, substituindo refeições de 'fast-food' pela dieta mediterrânica" podem surtir efeitos benéficos, segundo o médico.

Mais complicada é a sensibilidade visceral que — tal como a taxa de incidência (quantas pessoas foram afectadas) da doença — "ainda está a ser investigada".

"Em Portugal nem sequer dispomos de estudos sobre a taxa de incidência do cancro colón-rectal, quanto mais acerca da incidência da doença do intestino irritável", afirmou Venâncio Mendes.

Isto apesar de "Portugal ser o único país no Mundo Ocidental em que o cancro colón-rectal surge como a primeira causa de morte por tumor maligno", comentou o também director do serviço de gastrenterologia do Centro Hospitalar de Vila Real/Peso da Régua.

Ainda segundo Venâncio Mendes, os últimos números fiáveis disponíveis nesta área revelam que, "em 2004, morreram 3.235 portugueses devido ao cancro cólon-rectal" e que a taxa de mortalidade associada a esta doença "aumentou 80 por cento entre 1980 e 2001".

Sugerir correcção
Comentar