Área comercial no quarteirão das Cardosas

Projecto prévio da Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa do Porto prevê ainda um hotel de qualidade, 260 lugares de estacionamento e a ocupação do espaço habitacional

a O plano estratégico da Porto Vivo - Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) para o quarteirão das Cardosas, no coração da Baixa portuense, prevê a abertura de uma passagem pedonal entre a Praça de Almeida Garrett e o Largo dos Lóios. A via exclusivamente destinada a peões será coberta e incluirá uma galeria com cerca de dez lojas distribuídas por dois pisos e acesso a uma praça no interior do quarteirão, também ela coberta. Os responsáveis da SRU contam iniciar a remoção dos logradouros que hoje existem no miolo do polígono até final deste ano.Delimitado pelas praças da Liberdade e de Almeida Garrett, pelas ruas das Flores e de Trindade Coelho e pelo Largo dos Lóios, o quarteirão das Cardosas é considerado decisivo no processo de recuperação da Baixa do Porto. Situa-se entre duas "salas de visita da cidade", conforme destacou ontem Arlindo Cunha, presidente da Porto Vivo, na apresentação do plano estratégico, depois de o mesmo ter sido mostrado aos proprietários e arrendatários. A importância deste quarteirão faz com que, mesmo no seu exterior, esteja prevista uma remodelação do espaço público, em concreto na Rua Trindade Coelho e no Largos dos Lóios.
Patrício Martins, o arquitecto responsável pelo projecto, destacou a necessidade de reabilitar o edificado, mas também a subsequente revitalização, sem a qual a reabilitação se tornaria inútil. "Se não se fizesse revitalização, a reabilitação esfumava-se daqui a dez anos", advertiu. E uma das "principais estratégias" para conseguir essa revitalização passa por construir um estacionamento no subsolo do quarteirão, com três pisos e 260 lugares. Num ponto da cidade actualmente deficitário em estacionamento, esta nova infra-estrutura irá cobrir as necessidades não apenas do polígono das Cardosas, mas do público em geral.
O Palácio das Cardosas irá ser reconvertido num hotel de quatro ou cinco estrelas. Dispondo de 100 quartos, esta nova estrutura irá funcionar como outro factor de revitalização, pela constante entrada/saída de turistas. Já a categoria do hotel leva os responsáveis da SRU a preconizarem uma evolução qualitativa na oferta comercial de todo o quarteirão, incluindo na futura galeria da passagem pedonal.
Prédios devolutos
Actualmente, cerca 75 por cento da área útil edificada está subaproveitada; deste valor, 60 por cento está devoluto e 15 por cento funciona como armazenamento do comércio aí existente. A ocupação habitacional é considerada "reduzidíssima" com apenas seis fogos habitados. Esta é outra realidade que se pretende alterar, estando previsto no plano estratégico o surgimento de 54 fogos de várias tipologias.
Não se trata de construir mais habitação, mas sim de reconfigurar o interior dos imóveis já existentes. Uma das tarefas dos responsáveis da SRU será convencer os proprietários de cada um dos prédios, normalmente estreitos (com cerca de três metros de largura), das vantagens de juntarem dois imóveis em propriedade horizontal, conseguindo deste modo maior área habitável.
No final da apresentação, tanto o presidente da Porto Vivo, Arlindo Cunha, como o vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, Lino Ferreira, destacaram que, por enquanto, apenas existe um projecto base de documento estratégico que poderá entretanto sofrer alterações por se encontrar em discussão pública. Nas contas de Arlindo Cunha, a intervenção no quarteirão das Cardosas deverá custar "entre 18 e 20 milhões de euros", valores que a alienação ou concessão do estacionamento e da área comercial irá, pelo menos em parte, amortizar.

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