Reacções de luto, condenação e alegria à morte de Saddam
O Conselho da Europa condenou a execução do ex-ditador. Saddam Hussein era "um criminoso impiedoso", mas "não era preciso matá-lo", estimou hoje o secretário-geral do Conselho da Europa, Terry Davis, num comunicado publicado em Estrasburgo. Os iraquianos "precisam de justiça, de reconciliação e de paz, não de enforcamentos e vinganças", segundo Davis, que estimou que o Iraque perdeu uma oportunidade de "se juntar ao mundo civilizado". "A pena de morte é cruel e bárbara e eu apelo às autoridades iraquianas que a eliminem. É tarde, mas não demasiado tarde para que o Iraque se junte à maioria dos países civilizados e democráticos (...) que já aboliram a pena de morte", afirmou.
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, qualificou de "notícia trágica" a execução. "Existe o perigo de que isto alimente o desejo de vingança e traga novos episódios de violência", comentou, aos microfones da Rádio Vaticano. "A morte de uma pessoa é um motivo de tristeza, incluindo quando essa pessoa foi culpada por vários delitos. A Igreja Católica reitera a sua oposição à pena de morte em todas as suas circunstâncias", acrescentou. "Com a morte de um culpado não se abre caminho para reconstruir a Justiça e reconciliar a sociedade", concluiu.
O primeiro-ministro italiano, Romano Prodi, manifestou a sua preocupação pelo facto da execução de Saddam Hussein poder "agravar as tensões" no Iraque, numa declaração a partir da sua casa de Bolonha, citado pela agência Ansa.
O vice-ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Hamid Reza Assefi, defendeu que a execução do antigo ditador "é uma vitória para os iraquianos".
Em Israel, um alto responsável do país preferiu manter o anonimato mas declarou à AFP que, com o enforcamento, se fez justiça".
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, afirmou que o seu país vai continuar a apoiar o Iraque, após a execução.
Na Líbia foram decretados três dias de luto oficial em todo o país, pelo "prisioneiro de guerra Saddam Hussein", informou a agência de imprensa Jana.
O governo indiano mostrou a sua "contrariedade" pela execução e qualificou o facto de "infeliz". No dia 27 de Dezembro, a Índia tinha pedido uma comuta da pena de morte de Saddam, à qual se opunha por entender que o processo de justiça devia ser "credível" e por estimar que iria contra a paz e a reconciliação iraquianas.
O ministério russo dos Negócios Estrangeiros afirmou hoje lamentar a execução de Saddam Hussein. "Infelizmente, os numerosos apelos de representantes de diversos países e organizações internacionais para que as autoridades iraquianas revissem a pena capital não foram ouvidas", declarou um porta-voz do ministério, segundo a Interfax.