Primeiro-ministro iraquiano congratula-se com execução de Saddam Hussein
“Foi feita justiça em nome do povo iraquiano, com a execução do criminoso Saddam, o que torna impossível o regresso da ditadura do partido único”, afirma o dirigente xiita, num comunicado emitido horas depois do enforcamento do antigo Presidente iraquiano.
Para Maliki, a execução de Saddam representa “uma lição para todos os déspotas que cometem crimes contra o seu próprio povo”.
Rejeitando as críticas das organizações de defesa dos direitos humanos – que apelaram sem sucesso à comutação da pena –, o primeiro-ministro iraquiano garantiu que a “execução do chefe do antigo regime não teve qualquer motivação política”. “O sistema judicial iraquiano provou ao longo de todo o processo [contra Saddam] a sua eficácia e independência”, declarou, afirmando que “todos os que se opunham à execução do criminoso Saddam insultam a memória dos mártires iraquianos e das suas famílias”.
Saddam Hussein foi enforcado às 06h00 locais (03h00 em Lisboa), num local não identificado fora da Zona Verde, a área de alta segurança ficam as instalações do Governo iraquiano e as sedes das embaixadas dos Estados Unidos e do Reino Unido.
A execução ocorreu três dias depois do Supremo Tribunal iraquiano ter indeferido o recurso apresentado pela defesa do antigo Presidente contra a pena de morte a que o ditador fora condenado em Novembro, no culminar do julgamento relativo à morte de 148 xiitas, em Dujail, na década de 1980.
A instância confirmou também a pena capital contra o meio-irmão de Saddam, Barzan al-Tikrit, e o antigo presidente do tribunal revolucionário, Awad al-Bandar, mas as últimas informações adiantam que os dois não foram ainda executados.
Apelo à reconciliaçãoConsciente de que a morte do antigo Presidente iraquiano não é acolhida por todas as comunidades iraquianas, o primeiro-ministro reafirmou os apelos à reconciliação entre xiitas, sunitas e curdos, dirigindo uma mensagem especial aos apoiantes do antigo regime, dominado pela minoria sunita.
“Em nome do povo iraquiano, apelo a todos os que foram enganados pelo antigo regime a reverem a sua posição. A porta continua aberta para vós, desde que não tenhais as mãos manchadas de sangue inocente, para que possais participar na construção de um novo Iraque”, lê-se no comunicado.
O Iraque “não será dirigido por um único partido ou por uma única religião. O Exército e a polícia não devem ser instrumento de ninguém, seja de uma religião, seja de um partido”, afirmou, numa resposta aos que acusam a maioria xiita de querer dominar o aparelho de Estado.
Apesar dos apelos, os analistas temem uma onda de represálias por parte da guerrilha sunita, que integra apoiantes do antigo regime. Desde a execução de Saddam Hussein, cerca de 60 iraquianos perderam a vida na explosão de vários carros armadilhados na cidade xiita de Kufa e num bairro de Bagdad.