Iémen: 17 refugiados somalis morrem em naufrágios após perseguição

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Os dois barcos estavam a ser ameaçados pela guarda iemenita Jasper Juinen/AP (arquivo)

A informação foi revelada ontem, em Genebra, pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), liderada pelo ex-primeiro-ministro português António Guterres.

Numa reacção emocionada, o alto comissário da ONU para os Refugiados frisou que muitos dos emigrantes que seguiam a bordo dos barcos naufragados estariam a fugir das perseguições e da violência nos seus países e outros procuravam melhores condições financeiras noutros países.

"Estou profundamente entristecido por esta última tragédia que envolveu barcos de contrabandistas para transporte de pessoas desesperadas através do Golfo de Aden", disse Guterres.

"Contrabandistas brutais continuam a aproveitar-se do desespero das pessoas pobres que fogem às perseguições e à violência e dos que procuram melhores condições económicas", lamentou o responsável.

Tiroteio entre guarda costeira e contrabandistas

O desastre aconteceu anteontem, ao final do dia, no Golfo de Aden, quando as autoridades iemenitas avistaram quatro barcos que se aproximavam da costa com 515 clandestinos a bordo, segundo as informações do ACNUR.

As autoridades iemenitas abriram fogo sobre dois dos barcos, já depois de todos os seus passageiros terem desembarcado.

De acordo com a guarda costeira iemenita, os contrabandistas responderam então aos tiros e os outros dois barcos — que esperavam a pouca distância da praia — zarparam em direcção ao alto mar.

Segundo o porta-voz do ACNUR, Ron Redmond, em declarações à Associated Press, um dos barcos em fuga virou-se com a deslocação repentina dos passageiros para um dos lados. Não é claro se nesse momento o barco estava a ser atacado pelas autoridades iemenitas.

De acordo com o mesmo responsável, o outro barco voltou-se quando estava a ser escoltado para terra por navios da guarda costeira iemenita e por helicópteros.

Muitos emigrantes fugiam aos combates na Somália

Segundo o ACNUR, muitos dos cidadãos somalis que seguiam a bordo das embarcações disseram que estavam a fugir aos combates no centro do seu país entre as forças governamentais, apoiadas por tropas etíopes, e as milícias islamistas.

Os 357 refugiados sobreviventes foram levados para o centro do ACNUR em Mayfa, no Iémen, onde receberam alimentação e cuidados médicos.

As autoridades iemenitas anunciaram também a detenção de 17 traficantes e o apresamento dos quatro barcos.

De acordo com números do ACNUR, mais de 25.800 somalis fugiram para o Iémen este ano e pelo menos 330 pessoas morreram e 300 foram dadas como desaparecidas durante as perigosas travessias. Dos 88 mil refugiados registados no Iémen, 84 mil são somalis.

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