Treze militares que estiveram no "passeio do descontentamento" têm processos disciplinares
O porta-voz da Comissão de Oficiais, Sargentos e Praças na Reserva e Reforma, Fernandes Torres, disse que a Armada abriu processos disciplinares a dois sargentos e a um oficial no activo — todos da Base Naval do Alfeite, em Almada — acusados de terem participado no protesto que decorreu no Rossio.
O presidente da Associação Nacional de Sargentos, Lima Coelho, adiantou que dez sargentos da Força Aérea, também no activo — incluindo ele próprio —, já foram notificados pelos mesmos motivos com processos disciplinares.
Este dirigente acrescentou que, no seu caso, foi ainda aplicado um processo disciplinar por declarações proferidas publicamente em defesa do vice-presidente da associação, o sargento-mor David Pereira, detido durante cinco dias na base do Alfeite por afirmações aos jornalistas numa vigília de protesto, em Maio deste ano. Na vigília de Maio, David Pereira questionava "a legitimidade da mensagem dos chefes para evitar que os militares participassem" na iniciativa.
De acordo com Lima Coelho, os sargentos da Força Aérea processados trabalham nas bases de Sintra e do Montijo e no Comando Operacional da Força Aérea.
Centenas de militares na reforma, alguns no activo, realizaram, no passado dia 23 de Novembro, um passeio em Lisboa, em protesto contra os cortes orçamentais na Defesa, que foi considerado ilegal pelo Governo.
A Comissão de Oficiais, Sargentos e Praças na Reserva e Reforma, promotora do protesto, entendeu que se tratava de "um passeio e não de uma manifestação" e que, por isso, não estava a violar a lei.
Em comunicado, a associação classifica os processos disciplinares alegadamente instaurados como "acções inquisitoriais, atitudes de perseguição e intimidação dos militares e métodos pidescos".