Israel disponível para “qualquer murmúrio de paz” dos seus inimigos
O Governo sírio admitiu recentemente que gostaria de retomar as conversações de paz com Israel, suspensas desde Janeiro de 2000. Israel rejeitou a oferta, justificando a sua posição com o apoio sírio dado a milícias anti-israelitas no Líbano e nos territórios palestinianos, numa referência aos movimento palestinianos Hamas e Jihad Islâmica, bem como ao movimento xiita libanês Hezbollah.
Hoje, Olmert avançou que suavizou a sua oposição ao diálogo com a Síria. “O Estado de Israel está aberto a qualquer murmúrio de paz vindo dos nossos vizinhos e além das nossas fronteiras”, disse o chefe de Governo israelita, que falava perante um grupo de graduados de um curso da força aérea num base no sul de Israel. “Se os nossos inimigos querem genuinamente a paz, encontrarão em nós um parceiro justo, determinado a estabelecer relações de paz, amizade e reciprocidade”, acrescentou.
A Síria ainda não reagiu à disponibilidade manifestada por Israel.
Nas últimas semanas, o Presidente sírio, Bashar Assad, ofereceu-se para relançar as negociações de paz com Israel, recorrendo mesmo ao intermédio dos Estados Unidos para se fazer ouvir. Em Jerusalém, o senador norte-americano Arlen Spector, que viajou até Israel após um encontro com Assad na Síria, afirmou que o chefe de Estado sírio o incumbiu de entregar uma mensagem aos israelitas: “A Síria está muito interessada em negociações de paz com Israel”.
Questionado sobre a existência de contrapartidas apresentadas por parte da Síria, Arlen Spector respondeu, em declarações ao canal 10 TV, que deverão ser “um pouco vagas”. Segundo o senador norte-americano, Israel terá que avaliar se a oferta é séria.
Relatório BakerO último relatório do Grupo de Estudo sobre o Iraque para a Casa Branca, liderado pelo antigo secretário de Estado James A. Baker III, propôs à Administração Bush a retirada da maioria das tropas até 2008 do território iraquiano, o desenvolvimento de uma nova iniciativa de paz para o conflito israelo-palestiniano e o diálogo directo com a Síria e com o Irão. Neste último ponto, o regresso ao diálogo com a Síria foi também aconselhado a Israel, no sentido de ajudar a reduzir a tensão no Médio Oriente.
Mas o Governo israelita rejeitou as conclusões do relatório. “No que toca ao Médio Oriente nós temos uma opinião diferente e, tanto quanto sei, o Presidente Bush também tem uma opinião diferente", sublinhou na altura Olmert.
As negociações sírio-israelitas estão suspensas desde Janeiro de 2000, altura em que o então primeiro-ministro trabalhista, Ehud Barak, aceitou uma retirada quase total dos montes Golã. No entanto, Telavive insistia em manter o controlo exclusivo do lago Tiberíades, que representa o seu principal reservatório de água doce — uma condição que a Síria rejeitou.
Os montes Golã, de que Israel ocupa 1200 quilómetros quadrados, têm grande importância estratégica tanto para o Estado hebraico, já que a zona domina a desprotegida região da Galileia, como para a Síria, uma vez que as montanhas são a primeira barreira defensiva na estrada que conduz a Damasco.
Perto 18 mil colonos instalaram-se em 32 aldeias e na cidade de Katzerin, construídas após a invasão pelas tropas israelitas do território sírio, em 1967. Em 1981, Israel anexou formalmente a região, num gesto que foi condenado por toda a comunidade internacional. Na região residem também cerca de 17 mil membros da minoria drusa, naturais dos Golã, que nunca prescindiram da sua nacionalidade síria.