Defesa de Saddam pede intervenção dos governos árabes e das Nações Unidas
Num comunicado escrito em inglês e citado pela agência Associated Press, a defesa de Saddam Hussein considera que, se ninguém actuar no sentido de impedir a execução do antigo ditador, "todos podem estar a participar no que está a acontecer, directamente ou através do seu silêncio perante os crimes que estão a ser cometidos no Iraque em nome da democracia".
Um dos advogados, Najib al-Nueimi, antigo ministro da Justiça do Qatar, afirmou que é tempo de a família de Saddam fazer também um apelo ao actual Presidente iraquiano, Jalal Talabani. "A equipa de defesa esgotou todos os canais legais para recorrer da decisão, portanto é tempo de a família do Presidente apresentar um apelo de clemência ao actual Presidente, pedindo-lhe que não assine a ordem para a sua execução", disse al-Nueimi, em declarações à Associated Press a partir do Qatar.
A mulher de Saddam, Sajda Hussein, vive actualmente no Qatar, e a sua filha, Raghad — que dirigiu a equipa dos advogados de defesa —, reside em Amã.
Condenação deverá ser cumprida dentro de um mêsA comissão de apelo do Alto Tribunal Iraquiano anunciou ontem que o ex-Presidente vai ser morto nos próximos 30 dias, depois de a entidade ter confirmado a condenação à morte por enforcamento decidida no dia 5 de Novembro pela responsabilidade do ex-Presidente no massacre de 146 xiitas, em 1982, na aldeia de Dujail.
De acordo com a lei iraquiana, a pena de morte tem que ser executada até 30 dias após a decisão da comissão de apelo, mas proíbe a execução de pessoas com mais de 70 anos de idade, estatuto que Saddam adquire no dia 28 de Abril do próximo ano.
O primeiro-ministro do Iraque, Nuri al-Maliki, fez saber ontem que a execução deverá ter lugar ainda antes do final do ano, mas o ministro da Justiça iraquiano, Hashem al-Shibli, frisou hoje que o cumprimento da penaaplicada a Saddam poderá levar "algum tempo".
A decisão da comissão de apelo tem ainda que ser transmitida ao Presidente. O decreto presidencial será depois enviado à Direcção-Geral das Prisões, que será então incumbida de executar a sentença, explicou Shibli. "Este processo poderá levar ainda algum tempo, devido às celebrações do Eid El-Adha [festa muçulmana do sacrifício, que começa a 30 de Dezembro]", acrescentou.