Primeiro-ministro da Etiópia anuncia retirada de Baidoa das "forças terroristas"
"O essencial das forças em causa não era somali; muitos eram soldados eritreus, combatentes jihadistas estrangeiros (...) A totalidade da Somália central está livre das forças islamitas", afirmou Zenawi, em conferência de imprensa em Addis Abeba.
"Ouvi informações de que três mil feridos estavam nos hospitais de Mogadíscio e que mais de mil pessoas podem ter morrido", continuou o chefe de Governo etíope.
Zenawi sublinhou que o objectivo do seu Governo "não é libertar as cidades" sob tutela islamita, mas sim "proteger a Etiópia das ameaças" das forças dos tribunais islâmicos, que têm assumido o controlo da capital.
As forças armadas etíopes e os seus aliados somalis encontram-se actualmente a cem quilómetros de Mogadíscio, segundo o embaixador da Somália em Addis Abeba, Abdelkarin Farah. O Governo etíope reivindicou hoje que já tomou seis localidades na Somália desde o início da contra-ofensiva, anteontem, enquanto Addis Abeba reconheceu que entrou em território somali.
A Etiópia admitiu ontem oficialmente pela primeira vez que estava empenhada militarmente na luta contra os tribunais islâmicos na Somália para apoiar o Governo de transição, com sede em Baidoa.
Somália perdida há 15 anosA Somália vive sem Governo instituído desde 1991. Em 2004, as Nações Unidas apadrinharam a formação de um Governo transitório, mas as novas autoridades optaram por não se instalar em Mogadíscio, há mais de uma década à mercê de milícias armadas que se dedicam ao tráfico de droga e ao banditismo.
No Verão passado, a União dos Tribunais Islâmicos — uma aliança de milícias islamistas — tomou o poder na capital, instaurando a sharia (lei islâmica) e pondo fim a 15 anos de caos na cidade. Desde então, as forças islamitas — que os EUA dizem ter ligações à Al-Qaeda — assumiram o controlo de boa parte do Sul do país, encurralando as forças governamentais em Baidoa.
A Etiópia enviou em seu socorro cerca de oito mil militares, segundo cálculos da ONU, enquanto a vizinha Eritreia terá acrescentado dois mil dos seus homens às forças islamitas, criando receios de que a guerra se estenda a toda a região do instável Corno de África.