Trinta por cento das rádios portuguesas estão fora da Internet

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Trinta e uma rádios portuguesas não têm qualquer presença na Internet Miguel Silva/PÚBLICO (arquivo)

O estudo, correspondente à tese de mestrado defendida hoje pelo docente da Universidade do Minho Pedro Portela, indica que 31 rádios portuguesas não têm qualquer presença na Internet, seis limitam-se a ter um site (não retransmitem a emissão) e 61 apresentam um sistema de retransmissão em "streaming" (não têm site próprio).

Segundo Pedro Portela, "30,8 por cento das estações negligenciam o potencial acrescido que a Internet pode trazer à sua actividade". O investigador notou que "as rádios que nasceram na Internet apresentam ainda alguma imaturidade técnica", dado que, muitas vezes, não é possível escutar a sua emissão.

Apenas 3,4 por cento das rádios presentes na Internet dão "oportunidades aos seus ouvintes para, através dos seus canais, intervirem na esfera pública".

Quase três quartos das rádios "não manifestam atitudes de estímulo à interacção" e, nos poucos casos em que esse estímulo é claro, a participação dos ouvintes é aberta apenas ao entretenimento e feita quase exclusivamente (90 por cento) por rádios locais.

No caso das rádios nacionais, o investigador nota que as preocupações cívicas presentes nas emissões hertzianas não têm correspondência na Internet.

O docente atribui a falta de iniciativas de cidadania mais ao "falhanço da esfera pública mediática" do que à impossibilidade técnico-financeira de as implementar, dado que há software gratuito na Internet para instalação de sistemas de sondagens, "newsletters", fóruns, "chats" (comunicação instantânea), RSS (código de simplificação para acesso a actualizações fora do site), "podcasting" (produção simplificada de programas sonoros) e blogs.

O investigador notou também "alguma relutância nas rádios em utilizarem a Internet para a difusão de conteúdos não-sonoros", encarando a rede apenas como "uma espécie de antena de maior alcance".

Para Pedro Portela, "continua a ser premente que a rádio mude a sua estratégia face à Internet", fazendo um "esforço efectivo" de incorporar todas as características da rede digital que lhe sejam benéficas.