Eutanásia: italiano faleceu ontem à noite com ajuda do médico

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O doente estava internado em Roma Associazione Luca Coscioni/AP

"Cedi à sua vontade de morrer", admitiu hoje o médico, numa conferência de imprensa na Câmara de Deputados, em Roma.

Mario Riccio — médico anestesista no hospital de Cremona, no Norte de Itália — explicou aos jornalistas que desligou o respirador artificial que mantinha Piergiorgio Welby vivo e que lhe administrou fármacos para atenuar a dor.

Debate dividiu sociedade italiana

O caso de Welby — cuja vida dependia desde 1997 de um respirador artificial e era alimentado por uma sonda — gerou um amplo debate sobre a eutanásia em Itália, que dividiu as forças políticas.

O Partido Radical Italiano apoiou a luta de Welby nas últimas semanas e foi o seu líder, Marco Panella, quem deu a notícia da morte ao país, através da rádio.

Welby, 60 anos, recorreu aos tribunais para que os médicos lhe suspendessem a respiração assistida após sedação terapêutica, mas uma juíza do Tribunal Civil de Roma, Ângela Salvio, considerou que se tratava de "um direito não tutelado concretamente no ordenamento jurídico".

Segundo Marco Panella, que falara recentemente por telefone com Welby, este estava "extenuado, esgotado" nos últimos dias e "não podia continuar assim".

Em Setembro, Piergiorgio Welby enviou uma mensagem de vídeo ao Presidente italiano, Giorgio Napolitano, em que mostrava a sua condição e pedia o direito a morrer.

Em finais de Novembro, escrevera uma carta a um dos médicos que o tratavam a pedir pedia "oficialmente" que desligasse o seu ventilador pulmonar, "usando anestesia, se possível por via oral, para evitar sofrimento".

No sábado passado, realizaram-se várias vigílias em Itália, bem como em Bruxelas e em Londres, a favor do desejo de Welby, que contaram com o apoio de 204 parlamentares italianos e europeus.