Luís Amado: voos para Guantánamo não provam a “prática de ilegalidades”
"É bom sublinhar que o centro de detenções de Guantánamo não é sinónimo de base militar de Guantánamo, pelo que a existência de voos de ou para a mesma nem sequer consubstancia ´indício´ da prática de ilegalidades", escreve Luís Amado, em carta dirigida a Carlos Coelho, que preside à comissão temporária do Parlamento Europeu sobre os voos da CIA.
Na missiva, o chefe da diplomacia sublinha que o Governo "nunca afirmou não existirem voos de ou para uma base militar americana", defendendo que esse trânsito "nada tem de anormal".
"Estamos perante isso mesmo: uma base militar de um aliado com o qual temos um acordo internacional pensado para operações militares, ´maxime´ realizadas no âmbito das Nações Unidas e da NATO", refere Luís Amado.
A distinção do ministro dos Negócios Estrangeiros é feita numa carta que tem como principal destinatária a eurodeputada socialista Ana Gomes, acusada por Luís Amado de violar "as vias normais de relacionamento entre uma comissão temporária e um Estado soberano", nomeadamente "fazendo apressadamente da comunicação social o seu interlocutor".
Luís Amado rejeita a ideia de que o Governo de um Estado soberano deve responder à comissão "nos termos em que um seu membro decida", sob a ameaça de "inclusão de inverdades no relatório final em preparação".
A eurodeputada Ana Gomes é responsável pela entrega, à comissão do PE, de uma nova lista contendo 94 voos de e para Guantámano, que fizeram escala nos aeroportos das Lages e de Santa Maria ou atravessaram o espaço aéreo português.
A lista é hoje divulgada pela revista “Visão”, que diz contrariar as informações prestadas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros à comissão do Parlamento Europeu que investiga os voos da CIA que atravessaram o espaço aéreo europeu com prisioneiros com origem ou destino à base norte-americana em Cuba.