Freitas do Amaral admite regresso à vida política
"Para uma pessoa com 32 anos de política e que gosta de política é perigoso dizer nunca. ´Never say never´", disse, questionado em entrevista à RTP sobre o carácter definitivo da sua opção por abandonar o Governo em Junho deste ano.
Sobre o cenário de um convite para integrar um hipotético segundo Governo chefiado pelo actual primeiro-ministro, Freitas do Amaral reiterou: "Não digo que nunca aceitarei porque corro o risco de me desmentir a mim próprio".
Qualquer regresso à vida política, ressalvou, nunca poderá implicar o exercício de funções semelhantes às que desempenhou até recentemente. "Isso já não posso fazer", sublinhou.
De resto, Freitas do Amaral confessou ter sentido "o maior desgosto" em deixar o Governo, admitindo que ainda permaneceria no Executivo caso não tivesse renunciado, invocando razões de saúde.
Numa entrevista dominada pelo seu passado e pelo seu ingresso no Executivo de maioria absoluta do PS, Freitas do Amaral assegurou não ter entrado para o Governo com a expectativa ser candidato para candidato presidencial dos socialistas. "Não acreditei nem entrei para o Governo com esse objectivo", disse, acrescentando que, antes de aceitar o convite para assumir a chefia da diplomacia, transmitiu a José Sócrates a mensagem de que não estava interessado numa candidatura presidencial.
"Deixei de ter interesse pela figura de Presidente da República, que tem uma posição muito ingrata (...) tem um pouco mais de poderes do que a rainha de Inglaterra mas pouco mais".
Freitas do Amaral elogiou a cooperação estratégica estabelecida entre Belém e São Bento, um "entendimento absolutamente exemplar".
Reafirmando a sua "solidariedade e apoio" com o Executivo de José Sócrates, Freitas do Amaral escusou-se a falar sobre o momento actual do CDS/PP, partido de que foi fundador. "Desde que, por um azar de saúde, tive que deixar a política activa nunca mais segui a vida interna dos partidos", justificou.