Sporting assinou dois contratos com João Pinto
O primeiro era devido ao pagamento das quatro épocas e o segundo, um aditamento, pretendia justificar o recebimento de quatro milhões de euros a título de prémio de assinatura.
O Sporting já entregou cópia do mesmo às autoridades judiciárias e também João Pinto se prepara para o fazer. Tal poderá representar um volte-face do processo que poderá ilibar José Veiga, ex-director-geral do Benfica. Estes novos documentos demonstram então que João Pinto sempre soube da existência dos quatro milhões.
O dito contrato data então de 2 de Julho de 2000. Naquele está justificada a saída da verba adicional, a título de "prémio de assinatura", uma justificação diferente da que consta da factura passada pelo Sporting. O clube de Alvalade fez constar na mesma que se tratava do pagamento de direitos desportivos, feitos por intermédio de José Veiga, o que agora João Pinto se prepara para desmentir, quando for ouvido pelas autoridades.
Segundo o PÚBLICO apurou, a versão do ex-jogador verde e branco é substancialmente diferente da defendida por Filipe Soares Franco, na conferência de imprensa dada após a investigação policial ter sido conhecida. João Pinto assume então ter recebido o dinheiro, mas argumenta que foi o Sporting a propor-lhe o pagamento em forma de direitos desportivos. Mesmo assim, e para que nunca perdesse o direito a aceder a tal verba, o jogador terá assinado o dito aditamento ao contrato, onde ficava claro que não havia qualquer quantia a pagar pela transferência, já que se tratava de um jogador livre.
João Pinto deverá ainda defender que a utilização da Goodstone foi apenas feita para que o clube de Alvalade não pagasse os devidos impostos no negócio. Tratava-se então de uma sociedade de direito inglês onde José Veiga possuía procurações e que já havia sido utilizada por outros clubes para serem feitos pagamentos de verbas adicionais aos contratos.
Sporting tem versão diferenteO Sporting tem uma versão diferente. Fontes oficiais contactadas pelo PÚBLICO confirmam que o aditamento ao contrato foi efectivamente feito, mas que aquele foi revogado por João Pinto. Que pediu que o pagamento se fizesse pela Goodstone, já que teria cedido os seus direitos de imagem àquela sociedade. Diz então o clube de Alvalade que nesse momento o aditamento ao contrato deixou de vigorar, embora todas as partes tivessem ficado com cópias autenticadas.
O PÚBLICO sabe ainda que no passado dia 5 de Dezembro, o Sporting fez chegar às autoridades uma das muitas cópias. E num requerimento já enviado na qualidade de assistente, a SAD do Sporting apresentou tal versão (que o aditamento foi revogado), voltando a assegurar que João Pinto sempre soube da existência do dinheiro.
Para baralhar ainda mais este caso, há a posição actual de João Pinto. O jogador, que o ano passado negou à PJ ter recebido os quatro milhões, quer agora ser ouvido pelas autoridades. Castanheira Neves, o seu advogado, já o requereu formalmente, tendo pedido para que o seu cliente fosse inquirido por magistrados. Não se percebe, porém, em que qualidade o fez, já que João Pinto não é arguido no processo e não pode constituir advogado.