Sporting assinou dois contratos com João Pinto

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O jogador quer ser ouvido pelas autoridades António Simões (arquivo)

O primeiro era devido ao pagamento das quatro épocas e o segundo, um aditamento, pretendia justificar o recebimento de quatro milhões de euros a título de prémio de assinatura.

O Sporting já entregou cópia do mesmo às autoridades judiciárias e também João Pinto se prepara para o fazer. Tal poderá representar um volte-face do processo que poderá ilibar José Veiga, ex-director-geral do Benfica. Estes novos documentos demonstram então que João Pinto sempre soube da existência dos quatro milhões.

O dito contrato data então de 2 de Julho de 2000. Naquele está justificada a saída da verba adicional, a título de "prémio de assinatura", uma justificação diferente da que consta da factura passada pelo Sporting. O clube de Alvalade fez constar na mesma que se tratava do pagamento de direitos desportivos, feitos por intermédio de José Veiga, o que agora João Pinto se prepara para desmentir, quando for ouvido pelas autoridades.

Segundo o PÚBLICO apurou, a versão do ex-jogador verde e branco é substancialmente diferente da defendida por Filipe Soares Franco, na conferência de imprensa dada após a investigação policial ter sido conhecida. João Pinto assume então ter recebido o dinheiro, mas argumenta que foi o Sporting a propor-lhe o pagamento em forma de direitos desportivos. Mesmo assim, e para que nunca perdesse o direito a aceder a tal verba, o jogador terá assinado o dito aditamento ao contrato, onde ficava claro que não havia qualquer quantia a pagar pela transferência, já que se tratava de um jogador livre.

João Pinto deverá ainda defender que a utilização da Goodstone foi apenas feita para que o clube de Alvalade não pagasse os devidos impostos no negócio. Tratava-se então de uma sociedade de direito inglês onde José Veiga possuía procurações e que já havia sido utilizada por outros clubes para serem feitos pagamentos de verbas adicionais aos contratos.

Sporting tem versão diferente

O Sporting tem uma versão diferente. Fontes oficiais contactadas pelo PÚBLICO confirmam que o aditamento ao contrato foi efectivamente feito, mas que aquele foi revogado por João Pinto. Que pediu que o pagamento se fizesse pela Goodstone, já que teria cedido os seus direitos de imagem àquela sociedade. Diz então o clube de Alvalade que nesse momento o aditamento ao contrato deixou de vigorar, embora todas as partes tivessem ficado com cópias autenticadas.

O PÚBLICO sabe ainda que no passado dia 5 de Dezembro, o Sporting fez chegar às autoridades uma das muitas cópias. E num requerimento já enviado na qualidade de assistente, a SAD do Sporting apresentou tal versão (que o aditamento foi revogado), voltando a assegurar que João Pinto sempre soube da existência do dinheiro.

Para baralhar ainda mais este caso, há a posição actual de João Pinto. O jogador, que o ano passado negou à PJ ter recebido os quatro milhões, quer agora ser ouvido pelas autoridades. Castanheira Neves, o seu advogado, já o requereu formalmente, tendo pedido para que o seu cliente fosse inquirido por magistrados. Não se percebe, porém, em que qualidade o fez, já que João Pinto não é arguido no processo e não pode constituir advogado.

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