Apoio a Bush no Iraque foi "erro terrível" de Tony Blair

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Tony Blair Vanden Wijngaert/AP

Esta é uma das conclusões do relatório A política externa de Blair e os seus possíveis sucessores, que hoje é publicado em Londres pela Chatam House e foi dirigido por Victor Bulmer-Thomas.

Apesar do "sacrifício militar, político e financeiro" do Reino Unido, o líder britânico não conseguiu ter "qualquer influência" junto do Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, de quem é o principal aliado, acrescenta o relatório.

O documento surge numa altura em que Blair termina uma ronda pelo Médio Oriente e quando, em Londres, continua sob fogo de novas acusações, ainda sob investigação, relativas no inquérito "cash for honours" sobre o financiamento do Partido Trabalhista em troca de nomeações para a Câmara dos Lordes. O jornal The Times noticiou ontem que a polícia está a investigar indícios de obstrução por parte do gabinete de Blair, que desmentiu e se prontificou a colaborar.

O estudo publicado hoje pela Chatam House critica Blair por este não ter avaliado o verdadeiro peso que podia ter junto de Bush. "A relação bilateral com os Estados Unidos pode ser "especial" para a Grã-Bretanha, mas os EUA nunca a descreveram como mais do que "estreita"", refere o documento muito crítico da política externa britânica no pós-11 de Setembro. Ainda está por esclarecer se Blair sabia ou não que a alegada existência de armas de destruição maciça no Iraque estava a ser "exagerada ou mesmo fabricada", frisa o autor do estudo.

Visita à Palestina

Ontem, Tony Blair esteve em Ramallah (Cisjordânia), numa visita descrita como tendo por objectivo "relançar o processo de paz". Blair manifestou total apoio ao presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, na decisão de avançar para eleições antecipadas com base no argumento de que o Hamas, eleito em Março deste ano, não consegue resolver a grave crise económica nos territórios.

Após conversações com Abbas e antes de se encontrar em Israel com o primeiro-ministro israelita, Ehud Olmert, Blair exortou a comunidade internacional a fornecer ajuda à reconstrução palestiniana, através do gabinete de Abbas.

No domingo, o primeiro-ministro britânico esteve no Iraque. Ontem, a conferência para a reconciliação em Bagdad defendeu que o Governo iraquiano devia estabelecer um calendário para a retirada das tropas norte-americanas e revogar uma lei que impede ex-membros do extinto partido Baas, de Saddam Hussein, de ocuparem cargos públicos e militares.

Também em Bagdad, na audiência do julgamento de Saddam Hussein, este declarou aceitar "com honra" ser responsabilizado por quaisquer ataques ao Irão com armas químicas ou convencionais nos anos 1980, mas recusou ter dado ordens para atacar iraquianos.

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