Secretária de Estado dos Transportes visita porto comercial da Figueira da Foz
"Podemos crescer sem prejudicar outros portos, e a existência dos grandes portos não prejudica o crescimento e o desenvolvimento dos portos de segunda linha, como o da Figueira da Foz. Temos mesmo potencialidades para ser o porto da Região Centro, ligados a uma série de indústrias", afirma. Actualmente, a maior parte do movimento de cargas no Porto da Figueira da Foz é alimentado pelas grandes empresas da zona, como a Soporcel e a Celbi, que sozinha movimenta cerca de 300 mil toneladas.
A secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, visita hoje o porto comercial da Figueira da Foz, onde vai assinalar o milhão de toneladas de cargas movimentadas este ano pela estrutura portuária figueirense. Depois de três anos consecutivos de crescimento, é a primeira vez que o porto comercial da Figueira da Foz consegue ultrapassar a barreira mítica do milhão de cargas, cimentando a sua posição no ranking dos portos portugueses de média capacidade.
A presença da secretária de Estado dos Transportes é bastante aguardada por toda a comunidade portuária, que espera a confirmação do lançamento, em 2007, das obras de prolongamento do molhe norte do porto. Esta intervenção, aguardada há vários anos, é tida como fundamental não só para melhorar as condições de navegabilidade do porto, mas também para minimizar os problemas de assoreamento da barra e para aumentar a capacidade de movimentação de mercadorias.
As verbas destinadas à intervenção, calculada em 16 milhões de euros, já se encontram inscritas no PIDDAC de 2007, e Joaquim Sousa, delegado dos Portos do Centro do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM), prevê que o concurso público possa arrancar em breve. "A abertura do concurso já está autorizada e por isso é possível que dentro de seis meses as obras possam começar no terreno", afirma, relembrando que a reabilitação do molhe sul está também prestes a entrar em concurso público. "São intervenções muito importantes para alargar a margem de crescimento do porto e surgem num momento importante, depois do porto atingir a marca histórica no movimento de mercadorias", reconhece. Também o presidente da autarquia, Duarte Silva, manifestou esperança de que a visita da secretária de Estado traga "boas notícias" no que concerne às obras de reabilitação do porto.
A presença das verbas no PIDDAC de 2007 não é, no entanto, suficiente para convencer Paulo Mariano, administrador da Operfoz, operador portuário responsável por 80 por cento da carga movimentada no Porto da Figueira da Foz. Relembrando que várias obras inscritas em PIDAAC "não chegam a concretizar-se", Paulo Mariano pretende ouvir da secretária de Estado "garantias absolutas" de que a intervenção é para fazer. "Gostaria de ouvir garantias absolutas da concretização da obra. São obras essenciais para melhorar a navegabilidade da barra e para o futuro do porto", refere.
Devido à situação actual da barra, dezenas de navios são obrigados todos os anos a atracar em outros portos e, frequentemente, a entrada de navios é impedida pelo assoreamento da barra. Só no início da semana passada, oito navios foram impedidos de entrar no porto comercial da Figueira da Foz por causa da acumulação de areias na barra. "Isto traz prejuízos enormes e não cria confiança junto do nome do Porto da Figueira da Foz", afirma Paulo Mariano, estimando que, com a realização das obras, o movimento de mercadorias na Figueira da Foz poderia crescer cerca de quarenta por cento. "Com as obras realizadas, o movimento de mercadorias poderia passar com muita naturalidade de um milhão para um milhão e quatrocentas mil toneladas", afirma.