Cavaco Silva admite existir "um certo atraso" no processo Casa Pia

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Cavaco Silva chamou a atenção para a responsabilidade da sociedade em relação às pessoas com deficiência Manuel de Almeida/Lusa

Frisando não pretender "intrometer-se nas decisões dos tribunais", o chefe de Estado admitiu: "Todos nós temos um pouco a sensação que existe um certo atraso".

"Mas com certeza que existem justificações e eu não quero neste momento fazer qualquer comentário (...) Tenho a esperança, como a generalidade dos portugueses têm, de que se faça justiça. Esperemos que ela se faça", afirmou, no final da uma etapa do roteiro presidencial dedicada à integração dos deficientes.

Durante a visita ao Instituto Jacob Rodrigues Pereira — um colégio da Casa Pia de Lisboa que se dedica à educação e formação de crianças e jovens surdos —, Cavaco Silva ouviu a directora da instituição, Catalina Pestana, defender que a visita presidencial simboliza "o virar de página" em relação ao escândalo Casa Pia.

Cavaco Silva salienta Casa Pia como "instrumento de inclusão"

"A Casa Pia não é apenas as notícias negativas e menos felizes que frequentemente têm sido publicadas. A Casa Pia é uma instituição com 172 anos, que formou e educou muitas gerações de crianças e de jovens (...) e que foi um verdadeiro instrumento de inclusão", disse.

No Instituto Jacob Rodrigues Pereira, o chefe de Estado manifestou a sua intenção de, à semelhança dos anteriores roteiros presidenciais, também nesta quarta etapa "mostrar os bons exemplos que existem no país em relação à integração na sociedade dos deficientes".

"Portugal tem um número elevado de deficientes, cerca de cinco por cento da população. Quero ao mesmo tempo chamar a atenção dos portugueses para a responsabilidade que temos para que todos tenham uma vida digna e de cidadania". À espera de Cavaco Silva na instituição estavam o ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, Vieira da Silva; a secretária de Estado adjunta e da Reabilitação, Idália Moniz; o presidente da Câmara de Lisboa, Carmona Rodrigues; e a directora da instituição, Catalina Pestana.

"Passaram quatro anos sobre o tufão que assolou esta instituição (...) é com muita honra que vos mostramos que conseguimos manter à tona o essencial (...) Hoje é o dia simbólico do virar de página. Chega. O tempo das crianças não é o tempo da Justiça", declarou a directora da instituição, saudando directamente Cavaco Silva: "Bem-vindo à festa do virar de página".