Presidente palestiniano convoca eleições antecipadas
“Vivemos momentos difíceis e miseráveis dos quais devemos sair. Para sair do ciclo vicioso e impedir que a nossa vida se deteriore ainda mais e a nossa causa enfraqueça, decidi convocar eleições presidenciais e legislativas antecipadas”, declarou Abbas num discurso proferido em Ramallah, na Cisjordânia.
“A lei fundamental estipula que o povo é a fonte dos poderes. Deixemos que o povo diga de sua justiça e que seja o árbitro”, acrescentou o Presidente da Autoridade Palestiniana.
“Vou discutir com a Comissão Eleitoral central, o mais rapidamente possível, para lançar os preparativos” da organização das eleições.
O actual Governo, formado pelo Hamas depois da sua vitória nas legislativas em Janeiro, foi boicotado política e financeiramente pelo Ocidente, depois da chegada do Hamas ao poder em Março. Desde então, os territórios palestinianos mergulharam numa crise político-financeira sem precedentes.
O movimento islamista tem-se mostrado irredutível e recusa reconhecer Israel, tornando praticamente impossível uma coabitação entre o Governo e Abbas, que defende negociações para a solução ao conflito israelo-palestiniano.
Hamas apela ao protesto contra as eleições antecipadas“Vamos organizar várias manifestações para provar ao Presidente que temos a maioria e que este apelo às eleições antecipadas é inaceitável”, afirmou Ahmed Youssef, conselheiro político do primeiro-ministro Ismail Haniyeh.
“Vamos começar já a partir de hoje. Vão ser realizadas grandes manifestações em todas as cidades para rejeitar esse apelo”, acrescentou.
Ao início da tarde, vários milhares de palestinianos começaram a reunir-se no centro de Gaza.
Youssef, ferido na quinta-feira por tiros contra a comitiva de Haniyeh, salientou que o Governo vai ainda avançar com uma “batalha jurídica”. “Pretendemos rejeitar o apelo em nome da lei e da Constituição”, insistiu.
O Hamas considera que as eleições antecipadas representam um golpe de Estado contra a vontade do povo palestiniano, que deu a vitória ao Hamas nas eleições legislativas de Janeiro.