Quercus acusa Governo de desviar 300 milhões para a incineração
"Este desvio de verbas não favorece a reciclagem, uma vez que prevê gastar a maior fatia de dinheiro disponível em novas unidades de incineração, deixando a reciclagem com verbas insuficientes", afirmou à agência Lusa Rui Berkemeier, da Quercus.
A versão do PERSU II para o período 2007-2013, que entrou na terça-feira em fase de consulta pública, prevê um financiamento de 924 milhões de euros para os resíduos urbanos, 300 milhões dos quais para a incineração.
"O mais grave é que ninguém explicou para onde vão 260 desses 300 milhões", acusou Rui Berkemeier.
A reciclagem de matéria orgânica vai receber 278 milhões de euros, uma verba que a Quercus considera "insuficiente" e que vai permitir continuar a descarregar a matéria orgânica nos aterros, com a consequente poluição das águas, libertação de maus cheiros e emissão de gases de efeito de estufa.
"Um dos processos que não é devidamente apoiado é o Tratamento Mecânico e Biológico dos resíduos, o que é um erro, uma vez que este sistema permite aproveitar a matéria orgânica e muitos materiais recicláveis a partir dos resíduos não separados", acrescentou.
Para a recolha selectiva estão previstos 33 milhões de euros, 3,5 por cento do investimento total.
"O desvio de fundos para a incineração é que inviabiliza um investimento sério na recolha selectiva. O pouco apoio à recolha selectiva também se reflecte no facto de este plano abandonar a ideia prevista na versão original de obrigar à recolha selectiva porta-a-porta, a qual se tem revelado a melhor forma de a umentar a quantidade de resíduos a reciclar", acusou.
A Quercus apela ao Ministério do Ambiente para que altere este plano de investimentos previsto no PERSU II, defendendo que a proposta actual "compromete seriamente" os objectivos de reciclagem para Portugal e "mantém muitos dos problemas ambientais provocados pelos aterros".