Activistas do Hamas tomam de assalto terminal de Rafah

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A troca de tiros provocou o pânico no terminal de passageiros Adel Hana/AP

Segundo testemunhas, citadas pela AFP, entre 70 a 80 activistas e elementos da força executiva — uma unidade dependente do Ministério do Interior, controlada pelo Hamas — irromperam no terminal de passageiros, disparando alguns tiros para o ar.

A guarda presidencial palestiniana, responsável pela segurança da infra-estrutura, abriu fogo contra o grupo, ferindo dois activistas, que ainda assim conseguiram ocupar algumas salas, relatou um jornalista da AP que se encontrava no local.

A troca de tiros provocou o pânico no terminal, obrigando os civis que se encontravam no local a procurar abrigo atrás das bagagens ou nos táxis estacionados junto ao local. Os membros da missão de observação da União Europeia — que integra agentes portugueses — "juntaram-se a um canto" para se protegeram dos disparos, adiantaram testemunhas.

No meio da confusão foram ouvidas duas explosões junto à fronteira. Polícias palestinianos, citados pela AP, garantiam que os militantes tinham aberto um buraco na vedação a cerca de um quilómetro do terminal.

Haniyeh bloqueado no Egipto

O incidente ocorreu pouco depois de o ministro da Defesa israelita, Amir Peretz, ter ordenado o encerramento do terminal para evitar que o primeiro-ministro palestiniano, Ismail Haniyeh, regressasse à Faixa de Gaza. As autoridades israelitas — que continuam a tutelar as fronteiras do território mesmo depois da retirada militar — alegam que o dirigente do Hamas transporta consigo milhões de dólares em dinheiro, angariados no estrangeiro.

Haniyeh encurtou um périplo pela região, que deveria durar até ao final do mês, numa tentativa de apaziguar as tensões entre as forças do Hamas e os rivais da Fatah, que nos últimos dias vitimaram várias pessoas.

Segundo fontes palestinianas, Israel transportaria conseguido cerca de 35 milhões de dólares angariados durante a viagem — que inclui deslocações à Síria, Irão e Sudão — destinados ao pagamento dos salários em atraso aos mais de 165 mil funcionários públicos, há meses sem receber devido aos cortes nas ajudas internacionais.

À chegada à fronteira egípcia, o autocarro em que a comitiva seguia foi obrigado a parar, devido ao encerramento da fronteira. Dezenas de activistas que aguardavam o regresso de Haniyeh em Rafah foram ficando impacientes à medida que a espera se prolongava e, ao início da tarde, acabaram por invadir o local.

O chefe dos serviços de informação do Egipto, Omar Suleiman, mediador para as questões de segurança está em contacto com as autoridades israelitas para desbloquear a situação de Haniyeh, mas a missão europeia já anunciou que o terminal não deverá reabrir hoje.

Ao abrigo do acordo assinado no ano passado, que permitiu à Autoridade Palestiniana passar a controlar o terminal, Israel não pode encerrar a fronteira, mas nos últimos meses o Governo hebraico ameaçou, por várias vezes, usar a força para conseguir este objectivo.

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