Homem condenado a 16 anos e seis meses de prisão por tentar matar militar da GNR

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O homem que, em Janeiro passado, feriu gravemente o soldado João Ferreira, de 27 anos, do núcleo de investigação criminal da Guarda Nacional Republicana (GNR) de Vila Franca de Xira, foi ainda condenado pela autoria de dois crimes de resistência e coacção a funcionário e por posse ilegal de arma.

Manuel Cardoso foi também condenado a pagar ao soldado João Ferreira 75 mil euros por danos não patrimoniais e 2810 euros por danos patrimoniais.

Os factos remontam a 16 de Janeiro de 2006 quando seis militares da GNR de Vila Franca de Xira se deslocaram à residência de Manuel Cardoso no lugar de Adega, no concelho de Sobral de Monte Agraço, onde efectuarem uma busca domiciliária para recolha de provas por suspeitas de furto de viaturas e assaltos a residências por parte do seu filho.

Manuel Cardoso não quis abrir a porta, pelo que os militares optaram pelo arrombamento, tendo sido recebidos com dois disparos de caçadeira.

Soldado perdeu uma vista

"Mal o senhor viu as duas figuras [a entrarem em casa] apontou para a cabeça, causando ferimentos graves ao soldado Ferreira, que perdeu uma vista, esteve em coma e sofreu muitas dores", disse hoje o juiz Rui Teixeira, presidente do colectivo, antes de ler a sentença.

Com os disparos, Manuel Cardoso atingiu ainda um segundo militar, tendo ambos sido transportados ao hospital.

De seguida, Manuel Cardoso ainda tentou a fuga e disparou um terceiro tiro "apto a causar a morte", considerou também o juiz.

"Nas três vezes que efectuou os disparos quis tirar a vida aos militares e só não a tirou por motivos alheios à sua vontade", afirmou o presidente do colectivo.

Juiz diz que arguido teve "uma conduta desprezível"

Referindo que o arguido teve "uma conduta desprezível neste processo", o magistrado considerou ainda que Manuel Cardoso "veio ao tribunal mentir", dizendo que pensava que estava a disparar contra gatunos quando os militares estavam uniformizados.

O tribunal considerou igualmente grave que o arguido "nunca tenha lamentado o que fez" e lembrou que já tinha antecedentes criminais por homicídio.

Juiz: "Existe pouco a seu favor"

"Existe pouco a seu favor. O Ministério Público pediu uma pena severa e é isso que o senhor merece", concluiu o juiz.

Depois de ferir com gravidade o militar, Manuel Cardoso ainda se barricou dentro de casa durante 28 horas.

Após um longo período de negociações que envolveram equipas especializadas da GNR, Manuel Cardoso acabou por se entregar às autoridades sem oferecer resistência.

Militar da GNR queria pena máxima

Hoje, o soldado João Ferreira foi assistir à leitura do acórdão e no final afirmou que esperava que fosse decretada "a pena máxima", considerando, contudo, que "foi feita justiça dada a idade do arguido".

João Ferreira disse que tenciona seguir carreira na GNR embora ainda não saiba quando poderá voltar a trabalhar.

A advogada de defesa de Manuel Cardoso disse no final da sessão que vai analisar o acórdão, escusando-se a dizer se vai interpor recurso.